O
risco do isolamento
Deu
no The New York Times, o mais importante jornal do planeta: “Enquanto os
líderes da América Latina e do Caribe se apressaram em parabenizar Biden por
sua vitória e prometeram trabalhar em estreita colaboração com seu governo, os
governos do México, Brasil e El Salvador permaneceram em silêncio”.
O
presidente Jair Bolsonaro custou a acreditar que Donald Trump pudesse ser
derrotado pelo democrata Joe Badin, “esse cara”. Ao perceber que isso seria
possível, passou a acreditar que ao fim e ao cabo as ações movidas por Trump e
pelo Partido Republicano acabariam sendo acolhidas pela Suprema Corte.
Ao
dar-se conta nas últimas 48 horas de que não serão, decidiu ainda assim que tão
cedo enviará a Biden uma mensagem de parabéns. O que ele pensa em ganhar com
isso? Até Boris Johnson, o primeiro-ministro do Reino Unido, mais ligado e mais
dependente de Trump do que é Bolsonaro, parabenizou Biden.
Não
falta vida inteligente ao lado do presidente brasileiro ou ao alcance de um
telefonema dele em busca de conselho. Falta vida inteligente em Bolsonaro, bem
como disposição de ouvir o que o contrarie. Nisso ele e Trump são iguaizinhos:
querem que todos que os cercam digam amém às suas ideias e as exaltem.
Há
os que imaginam que existe método na loucura de Bolsonaro. Ocorre que nem
sempre há. Sobra estupidez. O que Trump fez por ele ou pelo Brasil para merecer
tamanha admiração e vassalagem por parte dele? Nada. O que Bolsonaro fez para
que Trump pelo menos se interessasse por ele? Tudo que pode.
Nem
assim Trump se interessou. A única coisa em Bolsonaro que chamou a atenção do
presidente americano foi o fato de ele ser apontado pela imprensa internacional
como o Trump do Brasil. Trump achou curioso e mais de uma vez falou a respeito.
Uma coisa, de fato, os aproximava: eram presidentes acidentais.
Bolsonaro
é bem capaz de bater o pé e de resistir às evidências de que terá de rever suas
posições em relação a vários temas se quiser se entender com Biden depois que
ele tomar posse. A questão ambiental é um desses temas, mas não é o único. O
respeito aos direitos humanos é outro. A situação da Venezuela, outro.
O que é bom para os Estados Unidos nem sempre é bom para o Brasil, mas algumas coisas podem ser. As apostas internacionais feitas por Bolsonaro deram erradas. O país que ele governa perdeu conceito no exterior. Bolsonaro arrisca-se a se tornar um presidente cada vez mais isolado, o que é péssimo para o Brasil.
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