Sobrevivência
de populistas depende de militares, radicais, juízes e do establishment
político
Quando
um governante não tem votos para ficar no cargo, ele pode sair de forma
graciosa ou se agarrar à cadeira. Os autocratas que escolhem o segundo caminho
costumam recorrer a um arsenal conhecido: 1) apoio dos militares; 2)
mobilização de grupos partidários nas ruas; 3) colaboração do Judiciário; 4)
adesão do establishment político.
Na
esfera da força, o americano tem o apoio de extremistas que ele fez questão de
afagar ao longo do mandato. Esses radicais são úteis para criar um ambiente de
instabilidade que pode estimular a reversão do resultado das urnas. De outro
lado, seria mais difícil contar com líderes militares, que já demonstraram
incômodo com os métodos de Trump.
Falta
proteção no campo institucional. O presidente ocupou espaços em tribunais
federais e construiu uma maioria confortável na Suprema Corte. O Judiciário
pode até legitimar questionamentos sobre a contagem de votos se Trump
apresentar provas, mas há dúvidas sobre o grau de fidelidade dos juízes diante
de um movimento golpista.
O
americano também precisaria de respaldo do establishment republicano para
sustentar um governo com origem na derrubada de uma apuração. Líderes do
partido se dividiram quando Trump fez acusações vazias de fraude: Mitt Romney e
Chris Christie foram críticos ao presidente, Lindsey Graham defendeu a tese, e
muitos ficaram em silêncio.
O
resultado dessa jogada pode dar pistas sobre o Brasil. Jair Bolsonaro tem
chances de se reeleger, mas já deu sinais de que não pretende reconhecer uma
derrota nas urnas. O presidente também dependerá da disposição dos generais, da
agitação de seus radicais, da boa-vontade de juízes e do desejo do centrão.
Faltou
proteção também no campo institucional. O presidente ocupou espaços em tribunais
federais e construiu uma maioria confortável na Suprema Corte. O Judiciário
ainda pode legitimar questionamentos sobre a contagem de votos se Trump
apresentar provas, mas há dúvidas sobre o grau de fidelidade dos juízes diante
de um movimento golpista.
O
americano ainda precisaria de respaldo do establishment republicano para
sustentar um governo com origem na derrubada de uma eleição. Líderes do partido
se dividiram quando Trump fez acusações vazias de fraude: Mitt Romney e Chris
Christie foram críticos ao presidente, Lindsey Graham defendeu a tese, e muitos
ficaram em silêncio.
O desfecho dessa jogada pode dar pistas sobre o Brasil. Jair Bolsonaro tem chances de se reeleger, mas já deu sinais de que não pretende reconhecer uma derrota nas urnas. O presidente também dependerá da disposição dos generais, da agitação de seus radicais, da boa-vontade de juízes e do desejo do centrão.
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