- Folha de S. Paulo
Daqui não saio/daqui ninguém me tira. Eu sou honesta/ eu não roubei. Ganhei meu mandato/foi do povão. Escreve aí/creia em mim/vão me tirar/com gol de mão.
Se eu perder/pode crer/vou recorrer/ao tapetão. Assim é golpe/é armação/me derrubar só porque dei umas pedaladas lá na União.
Pintada para a guerra, essa é a marchinha que Dilma Rousseff não cansa de entoar nos últimos dias no Palácio do Planalto, transformado na última trincheira contra a batalha final do impeachment.
Reflete o desespero palaciano diante do risco real de queda do governo, pela primeira vez admitido por assessores da própria presidente, que até alguns dias se agarrava a seu canto de guerra para confiar que nada aconteceria a ela.
Um erro de avaliação. Na política, nem sempre basta ser e parecer honesto. Tem de atender seus aliados para que acreditem em você. É uma regra um pouco diferente da de são Tomé: aqui é receber para crer.
Dilma imaginou que ninguém tinha o direito de duvidar de sua honestidade e que isso bastava para se livrar do impeachment. Uma ilusão, da qual acordou um pouco tarde.
É certo que, hoje, o argumento jurídico do pedido de impeachment contra ela é frágil e, para alguns, até inexistente. Mas será usado como argumento, por uns, e pretexto, por outros, só para derrubá-la.
Dilma já deixou claro que entrará com recurso no Supremo Tribunal Federal contra essa eventual decisão. Aí, caberá ao STF decidir o rumo do país: concordar com Dilma ou com a Câmara dos Deputados.
Em Brasília, porém, dizem que Dilma pode até escapar do atual pedido de impeachment, mas não teria a mesma sorte depois que algumas delações vierem a público.
Ela seguirá dizendo ser honesta, mas sua campanha pode não ter sido tanto assim. Daí a pressa do PMDB em romper com a petista. Acelerar o que já é dado como certo. E evitar ser vítima também do que vem por aí.
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