Clóvis Rossi
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
SÃO PAULO - É impensável, no Brasil, uma polêmica como a que houve nos Estados Unidos a respeito da escola das filhas do presidente eleito Barack Obama, se deveria ser pública ou privada.
No Brasil não há a mais remota hipótese de que uma autoridade graduada escolha para os filhos a escola pública. Aliás, mesmo as autoridades não tão graduadas mandam os filhos para a escola particular -e ninguém discute se é certo ou errado.
Até acho que é certo. Conhecidas as deficiências da escola pública, o governador, o prefeito, o presidente, o senador etc. não têm mesmo o direito de criar problemas futuros para suas crianças só para emitir um sinal político-eleitoral que seria demagógico.
Equivaleria ao presidente Lula abandonar o Palácio do Planalto e passar a morar em alguma cidade-satélite de Brasília. Resolveria algum problema? Nenhuma autoridade precisa morar no Morro do Alemão, por exemplo, para saber que o Rio (e o Brasil todo) vive um grave problema de segurança. Não ser diretamente afetado por ele não é causa da falta de soluções.
O que incomoda é a aceitação passiva de que filho de autoridade, de rico, da classe média até um limite "xis" de renda, têm de estudar em escola particular. Equivale a dar o ensino público como causa perdida e, mais grave, equivale a aceitar como natural um apartheid na origem: a uma minoria concede-se a chance de dar certo na vida, via estudo; à maioria fica a obrigatoriedade de concorrer em condições desvantajosas, dada a precariedade comparativa do ensino público, conforme todas as avaliações.
Sei que a escola pública nos EUA tem sérios problemas. Mas o simples fato de ter havido a possibilidade de Obama escolher a escola pública para suas filhas indica que não há, por lá, o consenso de que se trata de caso perdido.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
SÃO PAULO - É impensável, no Brasil, uma polêmica como a que houve nos Estados Unidos a respeito da escola das filhas do presidente eleito Barack Obama, se deveria ser pública ou privada.
No Brasil não há a mais remota hipótese de que uma autoridade graduada escolha para os filhos a escola pública. Aliás, mesmo as autoridades não tão graduadas mandam os filhos para a escola particular -e ninguém discute se é certo ou errado.
Até acho que é certo. Conhecidas as deficiências da escola pública, o governador, o prefeito, o presidente, o senador etc. não têm mesmo o direito de criar problemas futuros para suas crianças só para emitir um sinal político-eleitoral que seria demagógico.
Equivaleria ao presidente Lula abandonar o Palácio do Planalto e passar a morar em alguma cidade-satélite de Brasília. Resolveria algum problema? Nenhuma autoridade precisa morar no Morro do Alemão, por exemplo, para saber que o Rio (e o Brasil todo) vive um grave problema de segurança. Não ser diretamente afetado por ele não é causa da falta de soluções.
O que incomoda é a aceitação passiva de que filho de autoridade, de rico, da classe média até um limite "xis" de renda, têm de estudar em escola particular. Equivale a dar o ensino público como causa perdida e, mais grave, equivale a aceitar como natural um apartheid na origem: a uma minoria concede-se a chance de dar certo na vida, via estudo; à maioria fica a obrigatoriedade de concorrer em condições desvantajosas, dada a precariedade comparativa do ensino público, conforme todas as avaliações.
Sei que a escola pública nos EUA tem sérios problemas. Mas o simples fato de ter havido a possibilidade de Obama escolher a escola pública para suas filhas indica que não há, por lá, o consenso de que se trata de caso perdido.
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