Raymundo Costa, de Brasília
DEU NO VALOR ECONÔMICO
Assentada a poeira da eleição municipal, o PSDB engatou a primeira marcha da sucessão presidencial e já articula a montagem de palanques regionais fortes para a eleição de 2010, além de procurar consolidar a aliança com o Democratas, vitoriosa em São Paulo mas que enfrenta problemas em outros Estados. Dos seus dois principais pré-candidatos, o governador de São Paulo, José Serra, é o mais envolvido na maquinação de palanques - o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, aposta numa prévia partidária e pretende viajar aos Estados, a partir de março, para discutir um programa de governo do PSDB.
A decisão de Aécio deixou otimista a direção do PSDB. A cúpula tucana avalia que, ao entrar no jogo pela indicação do partido, Aécio sinaliza que não pretende trocar o PSDB por outra legenda, como o PMDB ou o PSB, na hipótese de perder para Serra a candidatura tucana. Nesse caso, ele se conformaria em ser candidato a uma das duas vagas ao Senado por Minas Gerais. Mas, no governo há outra expectativa em relação ao governador mineiro. Como a direção do PSDB pretende evitar a realização de prévias, isso daria o pretexto para o governador trocar de camisa.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já definiu que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) será a candidata do PT à sucessão. Só não será Dilma se ela se mostrar inteiramente inviável eleitoralmente, coisa que Lula não acredita: quando ela se tornar a "candidata do presidente", a expectativa no governo é que a ministra rapidamente ganhe pontos nas pesquisas de opinião. Mas, se os fatos não ocorrerem como planejados, uma das alternativas hoje discutidas é a indicação de um nome de fora do PT. Entre os citados estão Ciro Gomes (PSB) e o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), mas também o governador Aécio Neves, que iria para o PMDB e concorreria em aliança com o PSB.
Desde antes da eleição municipal Lula faz sondagens com vistas à construção de palanques regionais fortes em 2010, algo em que só agora o PSDB e Serra, especialmente, passaram a investir de maneira mais sistemática. Paralelamente, os tucanos também trabalham para consolidar a bem sucedida aliança com o Democratas, em São Paulo, estendendo-a para todo o país. No Paraná, por exemplo, o DEM vai compor o secretariado de Beto Richa, reeleito prefeito de Curitiba. No Rio Grande do Sul o vice-governador Paulo Feijó, que faz oposição à governadora Yeda Crusius, foi isolado pelo próprio DEM.
A situação que melhor retrata a atual movimentação do PSDB é a da Bahia, pois ela contém todos os ingredientes presentes nas discussões para a armação dos palanques em outros Estados. Os tucanos articulam a filiação ao partido do ex-governador Paulo Souto (DEM). O movimento conta com a concordância de líderes do Democratas local, como o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, mas ainda esbarra na resistência do presidente nacional do Democratas, Rodrigo Maia, que vê em Souto uma oportunidade de o partido recuperar o governo baiano, durante anos controlado pelo carlismo.
Souto iria para o PSDB para concorrer ao governo estadual e assegurar um palanque forte à candidatura José Serra na Bahia, Estado governado pelo PT e no qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva bate recordes de popularidade. Jutahy Júnior, o principal líder tucano local, também concorda com a solução, principalmente se ela efetivamente servir de suporte a Serra, que atualmente lidera as pesquisas para presidente na Bahia.
Mas os tucanos já discutem uma outra possibilidade para tornar o palanque da oposição no quarto maior colégio eleitoral do país ainda mais atrativo: uma aliança com o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), que é do PMDB, para o governo estadual, o DEM para a vice e Paulo Souto para o Senado. Jutahy será ministro na hipótese de Serra ser presidente e também caso Aécio é que seja o eleito (pelo PSDB, evidentemente).
Uma preocupação é o Rio Grande do Sul, mas os tucanos passaram a contar com a recuperação da governadora Yeda Crusius, que diz ter saneado as contas do Estado. Mas não afastam a possibilidade de apoiar, para o governo, o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça - Yeda concorreria ao Senado, se a atual crise econômica atrapalhar a recuperação do governo gaúcho: o PMDB é aliado de Yeda.
Em São Paulo, a aliança com o DEM é sólida. A maior dificuldade é a disputa interna do PSDB. Os tucanos não têm um nome forte para a sucessão de Serra. O grupo de Geraldo Alckmin reivindica a indicação, se ele ficar no partido. Mas Alckmin está internamente enfraquecido desde que disputou a prefeitura e não se classificou para o segundo turno. Em Minas, Aécio, mesmo não sendo o candidato, tem condições de montar um amplo palanque para o PSDB, como teve - e não fez - em 2002 e 2006.
DEU NO VALOR ECONÔMICO
Assentada a poeira da eleição municipal, o PSDB engatou a primeira marcha da sucessão presidencial e já articula a montagem de palanques regionais fortes para a eleição de 2010, além de procurar consolidar a aliança com o Democratas, vitoriosa em São Paulo mas que enfrenta problemas em outros Estados. Dos seus dois principais pré-candidatos, o governador de São Paulo, José Serra, é o mais envolvido na maquinação de palanques - o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, aposta numa prévia partidária e pretende viajar aos Estados, a partir de março, para discutir um programa de governo do PSDB.
A decisão de Aécio deixou otimista a direção do PSDB. A cúpula tucana avalia que, ao entrar no jogo pela indicação do partido, Aécio sinaliza que não pretende trocar o PSDB por outra legenda, como o PMDB ou o PSB, na hipótese de perder para Serra a candidatura tucana. Nesse caso, ele se conformaria em ser candidato a uma das duas vagas ao Senado por Minas Gerais. Mas, no governo há outra expectativa em relação ao governador mineiro. Como a direção do PSDB pretende evitar a realização de prévias, isso daria o pretexto para o governador trocar de camisa.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já definiu que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) será a candidata do PT à sucessão. Só não será Dilma se ela se mostrar inteiramente inviável eleitoralmente, coisa que Lula não acredita: quando ela se tornar a "candidata do presidente", a expectativa no governo é que a ministra rapidamente ganhe pontos nas pesquisas de opinião. Mas, se os fatos não ocorrerem como planejados, uma das alternativas hoje discutidas é a indicação de um nome de fora do PT. Entre os citados estão Ciro Gomes (PSB) e o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), mas também o governador Aécio Neves, que iria para o PMDB e concorreria em aliança com o PSB.
Desde antes da eleição municipal Lula faz sondagens com vistas à construção de palanques regionais fortes em 2010, algo em que só agora o PSDB e Serra, especialmente, passaram a investir de maneira mais sistemática. Paralelamente, os tucanos também trabalham para consolidar a bem sucedida aliança com o Democratas, em São Paulo, estendendo-a para todo o país. No Paraná, por exemplo, o DEM vai compor o secretariado de Beto Richa, reeleito prefeito de Curitiba. No Rio Grande do Sul o vice-governador Paulo Feijó, que faz oposição à governadora Yeda Crusius, foi isolado pelo próprio DEM.
A situação que melhor retrata a atual movimentação do PSDB é a da Bahia, pois ela contém todos os ingredientes presentes nas discussões para a armação dos palanques em outros Estados. Os tucanos articulam a filiação ao partido do ex-governador Paulo Souto (DEM). O movimento conta com a concordância de líderes do Democratas local, como o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, mas ainda esbarra na resistência do presidente nacional do Democratas, Rodrigo Maia, que vê em Souto uma oportunidade de o partido recuperar o governo baiano, durante anos controlado pelo carlismo.
Souto iria para o PSDB para concorrer ao governo estadual e assegurar um palanque forte à candidatura José Serra na Bahia, Estado governado pelo PT e no qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva bate recordes de popularidade. Jutahy Júnior, o principal líder tucano local, também concorda com a solução, principalmente se ela efetivamente servir de suporte a Serra, que atualmente lidera as pesquisas para presidente na Bahia.
Mas os tucanos já discutem uma outra possibilidade para tornar o palanque da oposição no quarto maior colégio eleitoral do país ainda mais atrativo: uma aliança com o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), que é do PMDB, para o governo estadual, o DEM para a vice e Paulo Souto para o Senado. Jutahy será ministro na hipótese de Serra ser presidente e também caso Aécio é que seja o eleito (pelo PSDB, evidentemente).
Uma preocupação é o Rio Grande do Sul, mas os tucanos passaram a contar com a recuperação da governadora Yeda Crusius, que diz ter saneado as contas do Estado. Mas não afastam a possibilidade de apoiar, para o governo, o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça - Yeda concorreria ao Senado, se a atual crise econômica atrapalhar a recuperação do governo gaúcho: o PMDB é aliado de Yeda.
Em São Paulo, a aliança com o DEM é sólida. A maior dificuldade é a disputa interna do PSDB. Os tucanos não têm um nome forte para a sucessão de Serra. O grupo de Geraldo Alckmin reivindica a indicação, se ele ficar no partido. Mas Alckmin está internamente enfraquecido desde que disputou a prefeitura e não se classificou para o segundo turno. Em Minas, Aécio, mesmo não sendo o candidato, tem condições de montar um amplo palanque para o PSDB, como teve - e não fez - em 2002 e 2006.
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