DEU EM O GLOBO
Num movimento batizado de "janeiro quente", o MST iniciou uma onda de invasões a fazendas de São Paulo e a sedes de prefeituras da Bahia. O objetivo é forçar o governo Dilma Rousseff a abrir um canal de negociações com o movimento. "O MST é autônomo em relação a qualquer governo", disse Delweck Matheus, coordenador do MST no Pontal do Paranapanema (SP). Estão previstas mais ocupações em todo o país.
MST antecipa invasões a fazendas para forçar negociação com governo
Ocupações estavam previstas para abril; prédios públicos também são alvo
Flávio Freire e Sérgio Roxo
SÃO PAULO. Ainda sem canal de negociação com o governo Dilma Rousseff, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) decidiu antecipar as invasões pelo país, normalmente programadas para o chamado Abril Vermelho, quando uma onda de ocupações é organizada como protesto às mortes ocorridas em 1996 em Eldorado do Carajás, no Pará. Desde o último dia 3, primeiro dia útil da gestão de Dilma, o MST tem invadido fazendas e prédios públicos ligados à reforma agrária, em São Paulo, além de prefeituras na Bahia, num período caracterizado como "janeiro quente".
Dirigentes do movimento dizem que a retomada das ocupações é uma obrigação e não depende de quem está no poder.
- O MST é autônomo em relação a qualquer governo, e esperamos que essas ocupações reforcem a abertura de um diálogo - disse Delweck Matheus, um dos coordenadores do MST no Pontal do Paranapanema, região onde os sem-terra criaram um movimento dissidente, ligado a José Rainha Júnior.
- É uma obrigação do MST lutar pela terra e colocar a reforma agrária na pauta também do novo governo - disse.
Número de famílias assentadas cai 44%
A ideia é não perder tempo na negociação com o governo . Estudo da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostra uma redução de 44% do número de famílias assentadas em 2010 no país em relação ao ano anterior, além da diminuição de 72% do volume de hectares destinadas às famílias sem terra. "A realidade é que a promessa do presidente Lula de fazer a reforma agrária com uma canetada não foi cumprida", diz texto da CPT.
Até ontem, a mobilização do MST envolvia apenas São Paulo e Bahia, mas o movimento já estaria articulando ocupações em todo o país para os próximos dias.
Os primeiros passos foram dados em São Paulo, quando três propriedades particulares foram invadidas. Os sem-terra ocuparam as fazendas Rancho Alegre, em Castilho; Bertazoni, em Cafelândia; e Martinópolis, em Serrana.
Na semana passada, cerca de 200 pessoas acamparam na entrada do Instituto de Terra de São Paulo (Itesp), em Presidente Prudente. A preocupação com uma possível onda de violência no campo fez com que o governo de São Paulo já se antecipasse na busca de uma solução.
- A onda já começou, e o temor não é só invasão, mas também os desdobramentos que possam ocorrer. Se os donos dessas áreas resolvem revidar, isso pode gerar risco para as pessoas envolvidas. Sejam os fazendeiros ou os integrantes do movimento - disse ontem Eloisa Arruda, secretária de Justiça de São Paulo.
Ela se reúne hoje com líderes do MST em São Paulo.
- Como estou assumindo agora, quero que me conheçam - disse Eloisa, num movimento criticado pelos ruralistas.
- É inaceitável que o governo chame para o diálogo quem está fora da lei - reclamou o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, que teme o risco de enfrentamento. - O dono da terra tem o direito legítimo de defender sua propriedade. O problema é que pode acontecer fatalidades.
A secretária de Justiça reagiu às crítica do ruralista:
- Nós queremos ouvir as pessoas e buscar soluções que sejam boas para todos, e assim evitar situações de risco. Também marquei uma reunião com os ruralistas para quinta-feira.
A secretaria lembrou que a questão da ocupação de terra não é assunto de competência do estado, mas do governo federal. Ainda assim, ela diz que está disposta a tentar apaziguar os ânimos na disputa de terra.
Num movimento batizado de "janeiro quente", o MST iniciou uma onda de invasões a fazendas de São Paulo e a sedes de prefeituras da Bahia. O objetivo é forçar o governo Dilma Rousseff a abrir um canal de negociações com o movimento. "O MST é autônomo em relação a qualquer governo", disse Delweck Matheus, coordenador do MST no Pontal do Paranapanema (SP). Estão previstas mais ocupações em todo o país.
MST antecipa invasões a fazendas para forçar negociação com governo
Ocupações estavam previstas para abril; prédios públicos também são alvo
Flávio Freire e Sérgio Roxo
SÃO PAULO. Ainda sem canal de negociação com o governo Dilma Rousseff, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) decidiu antecipar as invasões pelo país, normalmente programadas para o chamado Abril Vermelho, quando uma onda de ocupações é organizada como protesto às mortes ocorridas em 1996 em Eldorado do Carajás, no Pará. Desde o último dia 3, primeiro dia útil da gestão de Dilma, o MST tem invadido fazendas e prédios públicos ligados à reforma agrária, em São Paulo, além de prefeituras na Bahia, num período caracterizado como "janeiro quente".
Dirigentes do movimento dizem que a retomada das ocupações é uma obrigação e não depende de quem está no poder.
- O MST é autônomo em relação a qualquer governo, e esperamos que essas ocupações reforcem a abertura de um diálogo - disse Delweck Matheus, um dos coordenadores do MST no Pontal do Paranapanema, região onde os sem-terra criaram um movimento dissidente, ligado a José Rainha Júnior.
- É uma obrigação do MST lutar pela terra e colocar a reforma agrária na pauta também do novo governo - disse.
Número de famílias assentadas cai 44%
A ideia é não perder tempo na negociação com o governo . Estudo da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostra uma redução de 44% do número de famílias assentadas em 2010 no país em relação ao ano anterior, além da diminuição de 72% do volume de hectares destinadas às famílias sem terra. "A realidade é que a promessa do presidente Lula de fazer a reforma agrária com uma canetada não foi cumprida", diz texto da CPT.
Até ontem, a mobilização do MST envolvia apenas São Paulo e Bahia, mas o movimento já estaria articulando ocupações em todo o país para os próximos dias.
Os primeiros passos foram dados em São Paulo, quando três propriedades particulares foram invadidas. Os sem-terra ocuparam as fazendas Rancho Alegre, em Castilho; Bertazoni, em Cafelândia; e Martinópolis, em Serrana.
Na semana passada, cerca de 200 pessoas acamparam na entrada do Instituto de Terra de São Paulo (Itesp), em Presidente Prudente. A preocupação com uma possível onda de violência no campo fez com que o governo de São Paulo já se antecipasse na busca de uma solução.
- A onda já começou, e o temor não é só invasão, mas também os desdobramentos que possam ocorrer. Se os donos dessas áreas resolvem revidar, isso pode gerar risco para as pessoas envolvidas. Sejam os fazendeiros ou os integrantes do movimento - disse ontem Eloisa Arruda, secretária de Justiça de São Paulo.
Ela se reúne hoje com líderes do MST em São Paulo.
- Como estou assumindo agora, quero que me conheçam - disse Eloisa, num movimento criticado pelos ruralistas.
- É inaceitável que o governo chame para o diálogo quem está fora da lei - reclamou o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, que teme o risco de enfrentamento. - O dono da terra tem o direito legítimo de defender sua propriedade. O problema é que pode acontecer fatalidades.
A secretária de Justiça reagiu às crítica do ruralista:
- Nós queremos ouvir as pessoas e buscar soluções que sejam boas para todos, e assim evitar situações de risco. Também marquei uma reunião com os ruralistas para quinta-feira.
A secretaria lembrou que a questão da ocupação de terra não é assunto de competência do estado, mas do governo federal. Ainda assim, ela diz que está disposta a tentar apaziguar os ânimos na disputa de terra.
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