Cristiane Agostine, Ana Paula Grabois e César Felício
A reação dos aliados do ex-governador paulista e duas vezes candidato a presidente José Serra ao abaixo-assinado pela reeleição do deputado Sérgio Guerra (PE) para a presidência nacional do PSDB foi apenas o primeiro lance da ofensiva de Serra para tentar obter o comando da sigla.
Braço direito de Serra no governo de São Paulo, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) já verbaliza a possibilidade de o próprio Serra assumir a presidência do partido. "É impossível o PSDB ser vitorioso sem Serra. Não é possível exclui-lo do grupo que deve ter o comando do partido. Ele tem que estar presente. Não sei se formalmente, isso vai depender da disposição dele. Pelo prestígio e pelos votos que ele teve, não é possível desenhar o futuro do PSDB sem Serra", diz.
Senador mais votado do país em uma eleição surpreendente, Aloysio pode vir a ser um instrumento para que Serra se fortaleça no cenário nacional na próxima eleição municipal. O senador é visto por aliados do ex-governador como a única possibilidade de reunir em uma mesma candidatura na eleição para a prefeitura da capital no próximo ano o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM), além do próprio Serra. O ex-governador já visitou tucanos que estão alinhados a Alckmin e dirigentes do PPS para avisar que tenderia a ficar fora da disputa eleitoral de 2012, o que confirma agora em entrevista ao Valor. Não disse que quer se resguardar para a eleição presidencial de 2014, mas deixou esta impressão em pelo menos um interlocutor, dirigente do PSDB.
Na eleição passada, Serra era o líder nas pesquisas de opinião e tido pela oposição ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato natural em 2010. Por isso retardou ao máximo a sua entrada no processo eleitoral, enquanto o competidor interno, o então governador mineiro Aécio Neves (MG), procurava antecipar a definição da candidatura, propondo prévias partidárias.
Agora a possibilidade de reeleição presidencial ou de nova candidatura presidencial de Lula torna menor a possibilidade de Serra aparecer como líder nas sondagens de voto. Começa a ocorrer o fenômeno oposto ao de 2010: os aliados de Serra trabalham para antecipar o calendário de definições internas e recolocar o presidenciável como um formulador das políticas do partido e os de Aécio não demonstram pressa alguma. "A coisa mais preciosa neste momento é a unidade. Não é momento de desviarmos o foco para a discussão intestina. Já perdemos três eleições presidenciais e não temos contingente parlamentar sequer para barrar uma emenda constitucional ou convocar uma CPI", comenta o deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG).
Os aliados de Serra avançam na discussão interna acusando os adversários de terem manobrado para isolar o ex-governador. Segundo Aloysio, o apoio de parlamentares à reeleição de Guerra na presidência do PSDB, registrado em um documento, foi um "processo precipitado" e "constrangedor". "A escolha tem que ser precedida por um debate profundo. Precisamos escolher uma direção que seja capaz de implementar as mudanças e isso seguramente não se faz por lista", disse o senador. Para o parlamentar, que foi chefe da Casa Civil no governo paulista, "quem quiser excluir Serra está trabalhando para liquidar o PSDB". O mandato da atual Executiva Nacional do PSDB se encerra em maio.
No DEM, principal parceiro do PSDB, a vitória do deputado ACM Neto (BA) para a liderança da Câmara dos Deputados foi festejada por Aécio e o resultado foi visto como uma prévia para a escolha do novo presidente da sigla, que deve se dar entre o senador José Agripino Maia (RN) e o ex-vice-presidente Marco Maciel, mas aliados de Agripino procuram demarcar distância de Aécio. Afirmam que a prioridade para a nova direção da sigla é não se vincular a nenhuma das facções tucanas.
Internamente, trabalha-se com o cenário de que o mais provável candidato presidencial do PSDB em 2014 é Aécio Neves. O segundo cenário em termos de probabilidade seria o da candidatura de Geraldo Alckmin. Serra hoje é visto apenas como a terceira possibilidade.
A avaliação dentro do DEM é que a grande dificuldade de Aécio em 2014, além da falta de apoio do PSDB paulista, é a mesma que teve na eleição passada: seu nome permanece tendo alcance regional, enquanto tanto Serra quanto Alckmin, por terem sido candidatos presidenciais, têm ressonância nacional.
A proximidade com Serra é maior no PPS. A seção paulista da sigla é profundamente vinculada ao ex-governador e o presidente nacional do partido, Roberto Freire, eleito deputado federal, transferiu seu domicílio eleitoral de Pernambuco para São Paulo. Mas também neste partido a prioridade não é buscar uma definição imediata para 2014.
A sigla encolheu na eleição do ano passado, mas procura estruturar um bloco com o PV da presidenciável Marina Silva, com quem deve buscar coligar-se em algumas eleições municipais no próximo ano. "Não há candidato óbvio para a próxima eleição presidencial. Todas as siglas passam por redefinições internas. O PPS viveu o risco da descaracterização e deve buscar agora a reconexão com as causas e os movimentos da sociedade", disse o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP).
FONTE: VALOR ECONÔMICO
A reação dos aliados do ex-governador paulista e duas vezes candidato a presidente José Serra ao abaixo-assinado pela reeleição do deputado Sérgio Guerra (PE) para a presidência nacional do PSDB foi apenas o primeiro lance da ofensiva de Serra para tentar obter o comando da sigla.
Braço direito de Serra no governo de São Paulo, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) já verbaliza a possibilidade de o próprio Serra assumir a presidência do partido. "É impossível o PSDB ser vitorioso sem Serra. Não é possível exclui-lo do grupo que deve ter o comando do partido. Ele tem que estar presente. Não sei se formalmente, isso vai depender da disposição dele. Pelo prestígio e pelos votos que ele teve, não é possível desenhar o futuro do PSDB sem Serra", diz.
Senador mais votado do país em uma eleição surpreendente, Aloysio pode vir a ser um instrumento para que Serra se fortaleça no cenário nacional na próxima eleição municipal. O senador é visto por aliados do ex-governador como a única possibilidade de reunir em uma mesma candidatura na eleição para a prefeitura da capital no próximo ano o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM), além do próprio Serra. O ex-governador já visitou tucanos que estão alinhados a Alckmin e dirigentes do PPS para avisar que tenderia a ficar fora da disputa eleitoral de 2012, o que confirma agora em entrevista ao Valor. Não disse que quer se resguardar para a eleição presidencial de 2014, mas deixou esta impressão em pelo menos um interlocutor, dirigente do PSDB.
Na eleição passada, Serra era o líder nas pesquisas de opinião e tido pela oposição ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato natural em 2010. Por isso retardou ao máximo a sua entrada no processo eleitoral, enquanto o competidor interno, o então governador mineiro Aécio Neves (MG), procurava antecipar a definição da candidatura, propondo prévias partidárias.
Agora a possibilidade de reeleição presidencial ou de nova candidatura presidencial de Lula torna menor a possibilidade de Serra aparecer como líder nas sondagens de voto. Começa a ocorrer o fenômeno oposto ao de 2010: os aliados de Serra trabalham para antecipar o calendário de definições internas e recolocar o presidenciável como um formulador das políticas do partido e os de Aécio não demonstram pressa alguma. "A coisa mais preciosa neste momento é a unidade. Não é momento de desviarmos o foco para a discussão intestina. Já perdemos três eleições presidenciais e não temos contingente parlamentar sequer para barrar uma emenda constitucional ou convocar uma CPI", comenta o deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG).
Os aliados de Serra avançam na discussão interna acusando os adversários de terem manobrado para isolar o ex-governador. Segundo Aloysio, o apoio de parlamentares à reeleição de Guerra na presidência do PSDB, registrado em um documento, foi um "processo precipitado" e "constrangedor". "A escolha tem que ser precedida por um debate profundo. Precisamos escolher uma direção que seja capaz de implementar as mudanças e isso seguramente não se faz por lista", disse o senador. Para o parlamentar, que foi chefe da Casa Civil no governo paulista, "quem quiser excluir Serra está trabalhando para liquidar o PSDB". O mandato da atual Executiva Nacional do PSDB se encerra em maio.
No DEM, principal parceiro do PSDB, a vitória do deputado ACM Neto (BA) para a liderança da Câmara dos Deputados foi festejada por Aécio e o resultado foi visto como uma prévia para a escolha do novo presidente da sigla, que deve se dar entre o senador José Agripino Maia (RN) e o ex-vice-presidente Marco Maciel, mas aliados de Agripino procuram demarcar distância de Aécio. Afirmam que a prioridade para a nova direção da sigla é não se vincular a nenhuma das facções tucanas.
Internamente, trabalha-se com o cenário de que o mais provável candidato presidencial do PSDB em 2014 é Aécio Neves. O segundo cenário em termos de probabilidade seria o da candidatura de Geraldo Alckmin. Serra hoje é visto apenas como a terceira possibilidade.
A avaliação dentro do DEM é que a grande dificuldade de Aécio em 2014, além da falta de apoio do PSDB paulista, é a mesma que teve na eleição passada: seu nome permanece tendo alcance regional, enquanto tanto Serra quanto Alckmin, por terem sido candidatos presidenciais, têm ressonância nacional.
A proximidade com Serra é maior no PPS. A seção paulista da sigla é profundamente vinculada ao ex-governador e o presidente nacional do partido, Roberto Freire, eleito deputado federal, transferiu seu domicílio eleitoral de Pernambuco para São Paulo. Mas também neste partido a prioridade não é buscar uma definição imediata para 2014.
A sigla encolheu na eleição do ano passado, mas procura estruturar um bloco com o PV da presidenciável Marina Silva, com quem deve buscar coligar-se em algumas eleições municipais no próximo ano. "Não há candidato óbvio para a próxima eleição presidencial. Todas as siglas passam por redefinições internas. O PPS viveu o risco da descaracterização e deve buscar agora a reconexão com as causas e os movimentos da sociedade", disse o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP).
FONTE: VALOR ECONÔMICO
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