Estudo mostra que PT perdeu apoio entre ricos, mas ainda tem mais simpatizantes da classe média do que da baixa
Daniel Bramatti
Após conquistar a Presidência da República, o PT se expandiu para áreas menos desenvolvidas e conquistou simpatizantes nas camadas mais baixas da pirâmide social, mas não há evidências de que tenha se transformado no "partido dos pobres". A conclusão é do estudo Raízes do Petismo, 1989-2010, dos cientistas políticos David Samuels e Cesar Zucco.
Ao tabular dados estatísticos de diversas pesquisas de opinião sobre preferência partidária e orientação ideológica, os pesquisadores constataram que, nas primeiras duas décadas de existência do PT, havia uma correlação direta entre renda e simpatia pelo partido. Quanto mais ricos e educados os eleitores, maior a probabilidade de que eles se identificassem como petistas.
A partir de 2007, essa correlação passou a ser negativa: quanto mais alta a faixa de renda, menor o índice de apoio ao PT.
Isso não significa que o partido foi "abraçado" pelos pobres. O estudo constatou taxas similares de "petismo" nas classes baixas e médias e uma exceção entre os mais ricos. "Só na faixa dos que ganham mais de dez salários mínimos o apoio ao PT teve queda significativa."
Mesmo nos Estados considerados periféricos, há mais pessoas identificadas com o PT na classe média do que entre os mais pobres, afirmam os autores. "O PT não está se tornando o partido dos mais pobres nas regiões mais pobres. Tanto nos Estados centrais como da periferia, o petismo é mais presente em cidades com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais alto."
Samuels e Zucco destacam que é preciso distinguir preferência pelo PT e simpatia por Lula. "Na origem (do partido), os petistas eram mais educados e mais ricos do que a média dos brasileiros, mas essas variáveis não indicam mais predisposição de identificação com o PT. Petistas são encontrados em todos os níveis de renda e educação. Apesar de o fato sugerir que o petismo não representa interesses de classes, isso também deixa claras as diferenças entre petismo e lulismo. Lulismo é um fenômeno populista - um sentido de solidariedade e gratidão em relação a Lula que é mais forte entre os mais pobres. O petismo não é mais forte entre os pobres do que em outras camadas sociais, mas tampouco é mais fraco."
As pesquisas analisadas pelos cientistas políticos também permitem avaliar as mudanças do perfil ideológico do petista médio. "A diferença mais óbvia entre o petismo de hoje e o dos primeiros anos é o declínio da importância da ideologia de esquerda." É a partir de 2002 que a probabilidade de um petista se identificar como "de esquerda" passa a cair. "Isso sugere que a moderação da elite do partido se reflete em sua base de apoio."
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
Daniel Bramatti
Após conquistar a Presidência da República, o PT se expandiu para áreas menos desenvolvidas e conquistou simpatizantes nas camadas mais baixas da pirâmide social, mas não há evidências de que tenha se transformado no "partido dos pobres". A conclusão é do estudo Raízes do Petismo, 1989-2010, dos cientistas políticos David Samuels e Cesar Zucco.
Ao tabular dados estatísticos de diversas pesquisas de opinião sobre preferência partidária e orientação ideológica, os pesquisadores constataram que, nas primeiras duas décadas de existência do PT, havia uma correlação direta entre renda e simpatia pelo partido. Quanto mais ricos e educados os eleitores, maior a probabilidade de que eles se identificassem como petistas.
A partir de 2007, essa correlação passou a ser negativa: quanto mais alta a faixa de renda, menor o índice de apoio ao PT.
Isso não significa que o partido foi "abraçado" pelos pobres. O estudo constatou taxas similares de "petismo" nas classes baixas e médias e uma exceção entre os mais ricos. "Só na faixa dos que ganham mais de dez salários mínimos o apoio ao PT teve queda significativa."
Mesmo nos Estados considerados periféricos, há mais pessoas identificadas com o PT na classe média do que entre os mais pobres, afirmam os autores. "O PT não está se tornando o partido dos mais pobres nas regiões mais pobres. Tanto nos Estados centrais como da periferia, o petismo é mais presente em cidades com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais alto."
Samuels e Zucco destacam que é preciso distinguir preferência pelo PT e simpatia por Lula. "Na origem (do partido), os petistas eram mais educados e mais ricos do que a média dos brasileiros, mas essas variáveis não indicam mais predisposição de identificação com o PT. Petistas são encontrados em todos os níveis de renda e educação. Apesar de o fato sugerir que o petismo não representa interesses de classes, isso também deixa claras as diferenças entre petismo e lulismo. Lulismo é um fenômeno populista - um sentido de solidariedade e gratidão em relação a Lula que é mais forte entre os mais pobres. O petismo não é mais forte entre os pobres do que em outras camadas sociais, mas tampouco é mais fraco."
As pesquisas analisadas pelos cientistas políticos também permitem avaliar as mudanças do perfil ideológico do petista médio. "A diferença mais óbvia entre o petismo de hoje e o dos primeiros anos é o declínio da importância da ideologia de esquerda." É a partir de 2002 que a probabilidade de um petista se identificar como "de esquerda" passa a cair. "Isso sugere que a moderação da elite do partido se reflete em sua base de apoio."
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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