Cristiane Agostine
São Paulo - A ex-senadora Marina Silva e seus aliados devem deixar o PV na próxima semana e se agruparão em um movimento político denominado "Verdes e Cidadania". A desfiliação está prevista para ser anunciada em uma plenária na quarta-feira, dia 06. O grupo ligado à ex-candidata presidencial do partido planeja criar um novo partido só em 2013.Na plenária, Marina deve registrar seu desligamento do partido ao lado do grupo que migrou junto com ela para o PV, como os empresários Ricardo Young e Guilherme Leal, o ambientalista João Paulo Capobianco e o ex-deputado Luciano Zica. Também devem deixar a legenda militantes antigos, como Fábio Feldman e Maurício Brusadin. O deputado federal Alfredo Sirkis (RJ), vice-presidente do PV, disse que pretende deixar a legenda, mas estuda formas jurídicas de não perder seu mandato. Fernando Gabeira, um dos fundadores do PV, pode adiar sua saída para poder disputar a eleição para a Prefeitura do Rio de Janeiro em 2012.
Aliados de Marina reclamam da falta de democracia interna do partido e da ausência de diálogo com o presidente nacional do PV, José Luiz Penna.
"Um grupo sairá junto com Marina. Outro pretende se afastar, mas ainda estuda mecanismos de proteção jurídica para não ser prejudicado e não perder o mandato. Há ainda os que vão disputar 2012 e não podem deixar o partido neste momento", reforçou o deputado Sirkis. "Sou absolutamente solidário com Marina e vou acompanhá-la", disse o fundador do partido.
O grupo liderado por Marina marcou uma série de conversas e reuniões até a próxima semana, para preparar o desligamento. A ex-senadora viajou para a Alemanha e deve conversar com o PV internacional sobre os problemas enfrentados em seu partido. Serão consultados intelectuais e integrantes do "Movimento Marina Silva", que apoiou a então candidata presidencial em 2010, até o dia da plenária. "Queremos caracterizar de quem é a responsabilidade por sairmos", disse Sirkis. "Depois, é bola para frente".
O Movimento dos Verdes e Cidadania - nome provisório- tentará se articular nacionalmente e ganhar capilaridade antes de ser transformado em um partido. Segundo Sirkis, entre 20 e 30 deputados, de diferentes partidos, já manifestaram desejo de ingressar na nova legenda a ser criada pelos aliados de Marina, depois das eleições municipais de 2012. "Não haveria tempo hábil para criar o partido para a próxima eleição", comentou o atual dirigente do PV.
O ex-presidente do diretório paulista Maurício Brusadin, destituído do cargo por ação de Penna, disse que a situação é insustentável. "Penna expurgou todo mundo que era a favor da Marina. Fez isso no Ceará, no Mato Grosso, no Pará e em São Paulo. Ele rodou o Brasil falando que Marina não ajudou o PV nas eleições, que ela não fez com que a bancada na Câmara aumentasse", reclamou Brusadin. "Ele [Penna] transformou o partido em um condomínio pemedebista e quer estar presente em todos os governos. O PV, que sempre esteve na vanguarda, agora está na vanguarda do atraso", atacou.
Procurado, Penna não quis se manifestar. Informou, via assessoria, não ter sido comunicado da intenção do grupo de Marina de deixar o PV.
FONTE: VALOR ECONÔMICO
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