Réu no mensalão levou pleito ao então ministro Nascimento; nomeação ajudaria a liberar verba para reduto eleitoral
Fernando Gallo
O deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP) revelou em entrevista a uma rádio de Mogi das Cruzes (SP), seu reduto eleitoral, ter usado o então ministro dos Transportes Alfredo Nascimento para pressionar a presidente Dilma Rousseff a entregar ao PR uma diretoria de banco estatal para obter o apoio do bloco liderado pelo partido no Congresso.
O deputado explicou que a barganha tinha como objetivo abrir espaço no governo para o bloco de partidos nanicos que compõem, com o PR, um grupo de 65 deputados no Congresso - o PR conta com 41 e PRB, PRTB, PT do B, PHS , PSL e PRP têm 24.
"O nosso ministro chegou na Dilma outro dia e falou: "Olha, o Valdemar tá com um problema com o bloco. Ele fez o bloco, acertou com o (então ministro Antonio) Palocci pra aumentar o espaço do partido no governo. Nós (PR) já temos muito espaço. Mas precisávamos aumentar o espaço do bloco, porque são 24 deputados a mais", contou Costa Neto à Rádio Metropolitana AM, na sexta-feira da semana passada.
O deputado disse ter pedido uma diretoria na Caixa Econômica Federal ou no Banco do Brasil - nomeação que Dilma ainda não anunciou - para que prefeitos aliados possam liberar verbas federais mais rapidamente.
"O que eu quero? Uma diretoria na Caixa Econômica Federal, no Banco do Brasil, pra quando o Bertaiolli (Marco Bertaiolli, prefeito de Mogi das Cruzes) precisar de algo coisa. Por exemplo, eu consigo empréstimo pra Santa Isabel - de R$ 2 milhões - que o Helio Buscariolli (prefeito de Santa Isabel) está precisando. Ele precisa pavimentar a cidade. Mas eles não assinam com ele na Caixa. Eu tendo um diretor, sai na hora".
"Inferno". Costa Neto chamou de "canalha" o presidente do PTB, Roberto Jefferson, que o denunciou no processo do mensalão e disse que não lhe estendeu a mão quando este tentou cumprimentá-lo em um aeroporto.
"O inferno na minha vida foi o Roberto Jefferson, mesmo. Ele já veio me cumprimentar. Encontrei-o no aeroporto, mas não dei a mão e nem olhei na cara dele. Aliás, olhei feio. Fiquei olhando pra cara dele e ele com a mão estendida. Vai pro inferno! Um canalha!"
Na entrevista, Costa Neto sustentou que voltará a presidir o PR e a conceder entrevistas à mídia nacional depois que o processo do mensalão for julgado no Supremo Tribunal Federal.
"Desde 2005 não dou uma entrevista a um jornal ou revista nacional. Quero esperar meu julgamento no Supremo pra depois voltar à mídia. Porque ao ficar dando entrevista parece que a gente não se incomoda com o problema que tem. Parece que a gente despreza", disse.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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