segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Cunha reúne 'blocão' para tentar isolar PT na Câmara

• Deputado do PMDB tenta viabilizar candidatura à presidência da Casa

• Encontro nesta terça também deve discutir aprovação da PEC da Bengala, sobre aposentadoria de juízes

Andréia Sadi – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - De olho na presidência da Câmara dos Deputados em 2015, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) convocou, para esta terça-feira (4), uma reunião de líderes do chamado "blocão", visando articular apoio à sua candidatura e isolar o PT.

Além do PMDB, integram o "blocão" PTB, PR, PSC e Solidariedade. Esse conjunto de partidos vem sendo costurado por Cunha, que tenta montar uma bancada capaz de se impor numericamente em votações na Casa e que tenha peso para conquistar espaços na Mesa Diretora e em comissões importantes.

Na nova legislatura, eleita em outubro e que toma posse no ano que vem, os partidos do grupo terão, somados, 160 parlamentares. Na Câmara atual, são cerca de 180 dos 513 deputados da Casa.

A ideia de Cunha é reunir o máximo de apoios entre os colegas na Câmara para desidratar uma possível candidatura petista em fevereiro.

Procurado pela Folha, Cunha disse que as reuniões são rotineiras, mas confirmou que, além da pauta da semana, o assunto sobre a sucessão estará em discussão.

A bancada do PMDB rejeita reeditar o acordo de rodízio entre o partido e o PT no comando da Câmara, costurado no começo do mandato de Dilma Rousseff, em 2010. Hoje, o PMDB comanda as duas casas no Congresso.

Nos bastidores, peemedebistas alegam não ser saudável o PT, que controlará o Executivo por mais quatro anos com a reeleição de Dilma, também comandar o Legislativo.

O líder do PMDB é desafeto do Palácio do Planalto, que, internamente, considera que o deputado age como líder da oposição"" na Casa. O partido de Dilma deve lançar um nome contra a candidatura de Eduardo Cunha.

Entre os cotados estão os ex-presidentes da Casa Arlindo Chinaglia (SP) e Marco Maia (RS), além do ex-líder da bancada José Guimarães (CE).

Ministros de Dilma ouvidos pela Folha admitem, no entanto, que se o PT lançar candidato, Cunha deve derrotá-lo. Isso porque, segundo eles, a legenda não teria uma base de sustentação como a do peemedebista.

Uma das hipóteses aventadas pelo governo é o PT abrir mão da candidatura própria para apoiar um nome competitivo contra Cunha. "O problema é achar quem tope", resigna-se um auxiliar da presidente, pedindo anonimato.

No primeiro mandato de Dilma, o deputado fluminense foi adversário do governo em diversas votações na Câmara. Em alguns casos, ele armou rebeliões e mediu forças --e sempre preservou pontes com a oposição.

Partidos como PSDB, DEM, PPS e PSB ainda não definiram posição na eleição e estão abertos a negociações com o peemedebista.

PEC da bengala
Outro tema que será discutido na terça-feira pelos líderes, segundo Cunha, é a chamada PEC da Bengala, proposta de emenda à Constituição que eleva de 70 para 75 anos a idade limite para a aposentadoria em tribunais.

Como a Folha revelou no sábado (1º), ministros de tribunais superiores --como Gilmar Mendes (STF) e Joaquim Falcão (STJ)-- articulam a aprovação da emenda com líderes do Congresso.

Ela tiraria de Dilma a chance de nomear cinco novos ministros do STF até o fim de seu segundo mandato, em 2018.

A proposta, aprovada em 2005 pelo Senado, aguarda votação no plenário da Câmara desde 2006.

Parlamentares ouvidos pela Folha disseram que a ideia é aguardar a aposentadoria de José Jorge no TCU (Tribunal de Contas da União), em novembro, para evitar que a aprovação seja associada a uma manobra para favorecê-lo. Jorge, que completa 70 anos em 2014, tornou-se desafeto do Planalto.

As bancadas aliada e de oposição

Governista
304 cadeiras
(PT, PMDB, PSD, PP, PR, PROS, PDT e PC do B)
Oposição no 2 º turno
209 cadeiras
(PSDB, DEM, SD, PTB, PSB, PRP, PPS e PV)

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