O governo Dilma está paralisado há quase um ano por sua própria incompetência e pelo transbordamento do lamaçal da corrupção. Como consequência, os brasileiros – principalmente a população de baixa renda – amargam uma recessão econômica impiedosa.
A proposta de afastamento da principal responsável por essa crise – a presidente Dilma Rousseff – cria um momento propício para a busca de consenso a respeito do que verdadeiramente importa: o que fazer para tirar o País do buraco. Não basta, por um lado, garantir que a presidente deve ficar onde está. Nem é suficiente, por outro, argumentar que ela precisa sair. O processo de impeachment decidirá, inelutavelmente, essa questão.
O problema é o que vem depois e parece que não há muita gente preocupada com isso. A mediocridade do embate entre os protagonistas da crise revelou à sociedade o baixo nível da política brasileira. Chegou-se ao impasse que começa agora a se romper exatamente porque ninguém estava genuinamente preocupado com o Brasil, e sim com seus interesses nem sempre defensáveis.
Dilma tentava não naufragar na própria incompetência. Lula e o PT se desequilibraram com o esfacelamento de seu projeto de poder. Vários partidos se prevaleceram da crescente debilidade de Dilma para conquistar mais espaço na máquina governamental, de preferência onde os orçamentos são mais robustos. Na “base aliada” revelaram-se desavergonhadamente os “partidos da boquinha” e impolutos personagens que só pensavam em dar aqui para tomar ali. A oposição gastou o tempo operando no varejo, por ser incapaz de articular qualquer coisa maior. Chegou à mesquinharia de assumir posições contrárias às que sempre defendeu, achando que, com isso, encurralava o governo.
A crise brasileira é séria e, qualquer que seja o resultado do processo de impeachment, será preciso encará-la responsavelmente. Não se trata “apenas” de resolver a lamentável e perigosa situação fiscal do País. É preciso colocar o Brasil novamente nos rumos do desenvolvimento econômico e social. É preciso desarmar as bombas sistematicamente instaladas pelo lulopetismo nos últimos 13 anos. É preciso voltar a discutir e a implementar as chamadas reformas estruturantes, que há mais de uma década estão paralisadas. Elas são mais necessárias do que nunca. O completo abandono dessa pauta pelos governos petistas não resolveu o problema, apenas tornou sua resolução mais difícil. E como não falar dos temas de sempre, sempre necessários e sempre mal resolvidos: saúde, educação, segurança, saneamento básico?
Para fazer o que precisa ser feito, é necessário muito mais do que um governo competente. Bons quadros são uma condição necessária, mas estão longe de ser uma condição suficiente. A delicada situação brasileira exige um governo fruto de uma união nacional, que o sustente diante das dificílimas batalhas que terá de enfrentar.
Não pode ser um governo refém de partidos, de movimentos sociais ou de determinado segmento da sociedade civil. Diante dos imensos desafios que o Brasil tem pela frente, será preciso um governo com capacidade para aplicar medidas amargas. Pois não se sai de uma crise como a atual agradando a todos, ou mantendo intactos os benefícios e privilégios de uma era onde o populismo dava a última palavra. Será preciso um governo forte, capaz de congregar as melhores forças da sociedade brasileira.
Falar em governo forte nada tem a ver com autoritarismo. Refere-se à capacidade de não se deixar dominar pela baixa política, pelo toma lá dá cá, pelas barganhas. Para isso é imprescindível um governo ético, que não pactue com a ilegalidade. Só assim terá autoridade e liberdade para fazer o que precisa ser feito.
O processo de impeachment apenas destrava o problema. A crise não será resolvida por um passe de mágica nem por um salvador da pátria. Não resta dúvida de que o País sairá da crise, mas para isso será preciso um governo de união nacional, que desperte as melhores energias da sociedade brasileira.
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