Folha de S. Paulo
Terceiro mandato do petista abriga partidos infiéis, mas parece não haver muito para onde escapar
Há cerca de um ano discute-se uma reforma
ministerial no governo Lula.
A data parecia definida: o
fim de 2024, após as eleições municipais. Seria a hora de realocar
partidos, privilegiar vencedores e montar a equipe da segunda metade do
mandato.
Um time que, essencialmente, marcharia em
busca de um quarto mandato para o petista em 2026.
O tempo passou, 2024 acabou, lá se vão três
meses e meio de 2025 e até agora Lula só mexeu peças do próprio PT.
Projeta-se apenas uma troca em pasta do União Brasil, mas porque o titular se enrolou com acusação de desvio de emendas.
Especula-se muito sobre a falta de ânimo do
presidente para o rame-rame da negociação partidária, mas
há um fato em Lula 3 que Lula 1 e 2 não viveram com tanta intensidade.
O petista abriga hoje uma ampla, mas infiel
coalização ministerial —e parece não haver muito para onde escapar.
Em suas primeiras gestões e com popularidade
bem mais alta, o PT foi hegemônico e teve o MDB como parceiro secundário, com
outras siglas em meras participações laterais.
Os anos passaram, veio Dilma Rousseff, veio o
empoderamento do Congresso e, principalmente, veio o furacão da nova direita no
mundo e no Brasil.
Ao vencer por uma nesga Jair Bolsonaro (PL)
em 2022, Lula correu em busca de Arthur Lira (PP-AL), que dias antes estava no
palanque adversário. Distribuiu nove partidos a União, PSD e MDB, depois mais
dois a PP e Republicanos.
Mesmo assim, vive tomando invertidas no
Congresso, sendo a última a adesão de vários integrantes desses partidos ao requerimento
pró-anistia ao 8 de janeiro.
Ele teria como opção promover uma real gestão
compartilhada. O PT estaria disposto? Com a popularidade governamental
deteriorada e o acirramento ideológico, o centrão teria interesse?
O mundo político está em compasso de espera
até o início do ano que vem. Ninguém quer tomar decisões cabais agora, e não
serão mexidas no ministério que farão o cenário mudar.
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