Vinicius Torres Freire
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Prefeitos reclamam de queda de verba federal. Oposição e Lula querem fazer dívida para compensá-los. E ganhar 2010
OPOSIÇÃO E governo querem comprar os votos dos prefeitos de cidades pequenas. Os prefeitos se queixam de que em 2009 têm recebido menos dinheiro do governo federal. Referem-se aos repasses obrigatórios do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), 23,5% do que o governo arrecada com IR e IPI. A receita de impostos e a do FPM caíram porque a economia declina e o governo federal reduziu as alíquotas de IR e IPI.
Oposição e governo planejam leis estrambóticas a fim de compensar a queda de receita e agradar aos prefeitos, bons cabos eleitorais em cidades pequenas. Faz sentido?É mito que a pobreza esteja associada ao tamanho do município. O repasse do FPM per capita tende a ser maior para cidades menores, que vivem basicamente desse dinheiro, gasto no sustento da burocracia local. Mas não há relação estatística minimamente significativa entre pobreza ou índice de desenvolvimento humano e tamanho da população. Quem quiser ter uma intuição da coisa basta olhar a periferia de São Paulo, a Baixada Fluminense, Salvador, Recife.
Não faz sentido social compensar cidades menores.
Estados e cidades recebem transferências federais cada vez maiores. A carga tributária total do país tem crescido, decerto. Mas, desde 1995, o total das transferências para Estados e municípios só não cresceu mais que a receita federal em um ou outro ano recessivo. A tendência é de alta forte e quase constante. Em 1995, Estados e municípios levavam 2,5% do PIB. Em 2008, devem ter levado 4,6% do PIB. No biênio bom de 2007-2008, tais transferências cresceram ao dobro do ritmo do PIB.
Os municípios reclamam que, em termos reais, o repasse do FPM caiu 6,4% no primeiro trimestre de 2009 (ante 2008). Estavam mal acostumados. Em 2008, o aumento do repasse do FPM foi de quase 20%, em termos reais. Em 2007, de 8,5%. Se reclamam é porque comprometeram a receita adicional com despesa permanente. Se não o fizeram, basta apertar o cinto. O país está em crise.
Mais despesa municipal não significa mais gasto "social". De 1985, reestreia do governo civil, a 2008, o número de municípios foi de 4.085 para 5.565: 1.480 municípios e gastos novos com burocracias. "Elites" locais, parentelas e clientelas levam o dinheiro, em gasto improdutivo. Só de FPM foram R$ 43 bilhões em 2008 (valor corrigido pela inflação).
Isto não significa que o governo federal gaste melhor (é difícil saber). Mas o governo Lula vai gastar ainda mais se compensar as "perdas" do FPM. No fim das contas, teremos apenas sujos e mal lavados.
Cerca de 77% das cidades têm menos de 25.000 habitantes. Contam com mais de 23% do eleitorado. Parece pouco, mas trata-se de um eleitorado "capilarizado". Difícil fazer campanha em todos esses 4.272 municípios. Comprar a boa vontade do prefeito pode poupar, para comitês de campanha, viagens das "caravanas da cidadania" ou coisas assim.
Lula-Dilma ainda estudam de onde vão tirar seu capilé. A oposição quer indexar o dinheiro do FPM: garantir em 2009 e 2010 o mesmo repasse de 2008, corrigido pela inflação, o que provocará mais rombo ou mais dívida federais. Pensam ainda em permitir maior endividamento das cidades. Para comprar votos.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Prefeitos reclamam de queda de verba federal. Oposição e Lula querem fazer dívida para compensá-los. E ganhar 2010
OPOSIÇÃO E governo querem comprar os votos dos prefeitos de cidades pequenas. Os prefeitos se queixam de que em 2009 têm recebido menos dinheiro do governo federal. Referem-se aos repasses obrigatórios do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), 23,5% do que o governo arrecada com IR e IPI. A receita de impostos e a do FPM caíram porque a economia declina e o governo federal reduziu as alíquotas de IR e IPI.
Oposição e governo planejam leis estrambóticas a fim de compensar a queda de receita e agradar aos prefeitos, bons cabos eleitorais em cidades pequenas. Faz sentido?É mito que a pobreza esteja associada ao tamanho do município. O repasse do FPM per capita tende a ser maior para cidades menores, que vivem basicamente desse dinheiro, gasto no sustento da burocracia local. Mas não há relação estatística minimamente significativa entre pobreza ou índice de desenvolvimento humano e tamanho da população. Quem quiser ter uma intuição da coisa basta olhar a periferia de São Paulo, a Baixada Fluminense, Salvador, Recife.
Não faz sentido social compensar cidades menores.
Estados e cidades recebem transferências federais cada vez maiores. A carga tributária total do país tem crescido, decerto. Mas, desde 1995, o total das transferências para Estados e municípios só não cresceu mais que a receita federal em um ou outro ano recessivo. A tendência é de alta forte e quase constante. Em 1995, Estados e municípios levavam 2,5% do PIB. Em 2008, devem ter levado 4,6% do PIB. No biênio bom de 2007-2008, tais transferências cresceram ao dobro do ritmo do PIB.
Os municípios reclamam que, em termos reais, o repasse do FPM caiu 6,4% no primeiro trimestre de 2009 (ante 2008). Estavam mal acostumados. Em 2008, o aumento do repasse do FPM foi de quase 20%, em termos reais. Em 2007, de 8,5%. Se reclamam é porque comprometeram a receita adicional com despesa permanente. Se não o fizeram, basta apertar o cinto. O país está em crise.
Mais despesa municipal não significa mais gasto "social". De 1985, reestreia do governo civil, a 2008, o número de municípios foi de 4.085 para 5.565: 1.480 municípios e gastos novos com burocracias. "Elites" locais, parentelas e clientelas levam o dinheiro, em gasto improdutivo. Só de FPM foram R$ 43 bilhões em 2008 (valor corrigido pela inflação).
Isto não significa que o governo federal gaste melhor (é difícil saber). Mas o governo Lula vai gastar ainda mais se compensar as "perdas" do FPM. No fim das contas, teremos apenas sujos e mal lavados.
Cerca de 77% das cidades têm menos de 25.000 habitantes. Contam com mais de 23% do eleitorado. Parece pouco, mas trata-se de um eleitorado "capilarizado". Difícil fazer campanha em todos esses 4.272 municípios. Comprar a boa vontade do prefeito pode poupar, para comitês de campanha, viagens das "caravanas da cidadania" ou coisas assim.
Lula-Dilma ainda estudam de onde vão tirar seu capilé. A oposição quer indexar o dinheiro do FPM: garantir em 2009 e 2010 o mesmo repasse de 2008, corrigido pela inflação, o que provocará mais rombo ou mais dívida federais. Pensam ainda em permitir maior endividamento das cidades. Para comprar votos.
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