Em visita de Dilma Rousseff ao país, assessor do governo afirma que Brasil não pedirá ""correção de rumos"" do parceiro comercial
Vera Rosa
ENVIADA ESPECIAL / PEQUIM
Mesmo depois de ter arrancado da China o compromisso de parcerias comerciais "mais qualificadas", o Brasil não vai pedir ao país asiático uma correção de rota em relação aos direitos humanos. "Não vamos nos transformar num alto-falante permanente", avisou Marco Aurélio Garcia, assessor da Presidência para Assuntos Internacionais. "O fato de termos uma tensão com esse tema não significa que vamos tratá-lo como questão obsessiva a todo momento."
O comunicado conjunto assinado por Brasil e China, na terça-feira, dedica ao assunto apenas uma menção protocolar, sem mencionar violações à liberdade de expressão. Diz a declaração que os dois países fortalecerão as consultas bilaterais em matéria de direitos humanos e "promoverão o intercâmbio de experiências e boas práticas".
O tema não foi levantado nem mesmo ontem, durante conversa reservada da presidente Dilma Rousseff com o primeiro ministro da China, Wen Jiabao, conhecido por emitir opiniões mais avançadas sobre o assunto.
O desaparecimento do artista plástico Ai Weiwei, detido no aeroporto ao embarcar para Hong Kong, também não foi tratado por Dilma no encontro com o presidente da China, Hu Jintao.
No mês passado, o Brasil votou em favor da condenação do Irã no Conselho de Direitos Humanos das ONU. Ex-guerrilheira, Dilma disse, na campanha eleitoral, que nunca deixaria de marcar posição contrária a prisões políticas e crimes de opinião. Agora, porém, uma manifestação mais clara na China, quando o País tenta ampliar parcerias comerciais, foi considerada "contraproducente" pelo Itamaraty.
Na outra ponta, a posição adotada pela China - que demonstrou com mais ênfase simpatia pela candidatura do Brasil a uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU - foi vista como "um grande avanço" por Garcia. "Nunca tivemos ilusões de que a questão do Conselho de Segurança fosse se resolver num estalar de dedos."
Para o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, o sinal emitido pela China foi "muito positivo" e não deixa dúvidas. "A linguagem do comunicado é muito afirmativa. Só não é mais explícita porque a China tenta conciliar sua disposição favorável em relação ao Brasil com a reserva sobre a articulação no G-4", argumentou o ministro.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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