Para petistas, ele está sem espaço no governo e quer sair
Maria Lima e Gerson Camarotti
BRASÍLIA. A declaração pública do ministro da Defesa, Nelson Jobim, de que votou em José Serra (PSDB) na eleição de 2010 irritou petistas e foi interpretada ontem, tanto no PMDB quanto no PT, como mais um episódio em que ele revela seu mal-estar na relação com a presidente Dilma Rousseff. Dilma ignorou a declaração, e Jobim, por meio da assessoria, negou que esteja descontente no governo. Ontem, a "Folha de S.Paulo" publicou entrevista em que Jobim declara ter votado em Serra.
Jobim informou ontem que é "muito amigo de Serra e chegou a morar com ele em Brasília". Para Jobim, "não há surpresa alguma para ninguém". Petistas dizem que o ministro está sem espaço no governo e procura uma desculpa para sua provável saída:
- Aparentemente, Jobim está querendo sair do governo. Mas não posso afirmar isso. Só ele pode esclarecer. Agora, é estranho ele integrar o governo Dilma e dar esse tipo de declaração - disse o líder do PT, senador Humberto Costa.
"Deve se achar a última bolacha do pacotinho"
O mais irado era o secretário nacional de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR). No Twitter, ele disse não entender como Jobim continua no governo: "Para dar uma declaração destas Jobim deve se achar a última bolacha do pacotinho. Deve achar que não há outro ministro de Defesa possível. Se acha transpartidário" - disse. "Só votou no PSDB até agora, e o Lula o nomeou ministro. Na campanha declarou sua preferência e foi mantido. Aí se sente no direito de nos expor".
Nunca foi segredo a opção de Jobim por Serra. Após a eleição, a coluna Panorama Político, do GLOBO, publicou declaração do líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), afirmando que Jobim votara em Serra. Jobim não desmentiu.
Mas a declaração pública de Jobim incomodou o PMDB, porque ele explicitou não ter votado na chapa que incluía o vice-presidente Michel Temer, do seu partido, e sim Índio da Costa, ex-DEM. Soma-se a isso o fato de o ministro ter participado de reuniões dos senadores dissidentes do PMDB que pregam independência do governo. Henrique Alves preferiu reagir com bom humor:
- O que passou passou. Ele tinha uma amizade muito grande com o Serra, respeitamos. Agora, o nosso trabalho é convencê-lo a votar daqui a quatro anos na Dilma e no Michel.
Colaborou: Bruno Góes
FONTE: O GLOBO
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