Empresas que têm ligação com o bicheiro ganharam negócios de R$ 2,2 milhões com o governo federal e prefeitura do Rio
Fábio Vasconcellos
Empresas ligadas ao bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, ganharam contratos de cerca de R$ 2,2 milhões em órgãos do governo federal e da prefeitura do Rio. Os valores se referem a pagamentos por prestação de serviços na área de segurança patrimonial e à venda de medicamentos.
A Ideal Segurança Ltda. que, segundo a PF, pertence ao delegado federal Deuselino Valadares e aos sócios ocultos Cachoeira e Cláudio Abreu — ex-diretor da Delta Construções — recebeu R$ 480 mil do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Goiano e do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).
Os valores começaram a ser pagos em 2010 (R$ 69 mil). No ano seguinte, chegaram a R$ 367 mil. Este ano, o Instituto de Educação foi responsável por praticamente todos os repasses (R$ 43 mil). A Ideal foi chamada para fazer a segurança do prédio da reitoria do instituto.
Empresas venceram pregão, afirmam órgãos
No relatório da Operação Monte Carlo, a PF descobriu que a Ideal foi comprada em fevereiro de 2011 por Deuselino Valadares. Nas interceptações telefônicas, a PF encontrou indícios de que Cachoeira e Cláudio Abreu seriam também donos da Ideal. Numa das interceptações telefônicas, Gleyb Cruz, um dos integrantes do grupo, revelou os percentuais de participação de Cachoeira e Cláudio na empresa. Há ainda transferências de dinheiro feitas pela Alberto e Pantoja Construções para a Ideal. A Alberto Pantoja, segundo a PF, está em nome de "laranjas" e seria usada pela organização para encobrir movimentações financeiras de Cachoeira e seu grupo. A Delta Construções, da qual Cláudio era diretor, realizou transferências para a Alberto Pantoja entre 2010 e 2011.
Outra empresa ligada a Cachoeira é a Vitapan Indústria Farmacêutica.
Em documentos obtidos pela Operação Monte Carlo, a empresa do bicheiro foi vendida para outros dois sócios, em 2005, entre eles sua ex-mulher, Andréa Aprígio de Souza. O negócio chamou a atenção porque até aquela data a Andréa não apresentava rendimento ou qualquer bem em seu nome e, a parti daí, passou a receber salário da Vitapan, apesar de constar como sócia da empresa.
A Vitapan vendeu medicamentos para a Fundação Oswaldo Cruz, no Rio. Entre 2009 e 2012, cerca de R$ 163 mil foram pagos à empresa. Na prefeitura, a Secretaria municipal de Saúde pagou R$ 1,6 milhão à Vitapan de 2009 até hoje. O maior desembolso correu em 2011 (R$ 1 milhão).
O Serpro, a Fiocruz e a Secretaria de Saúde do Rio informaram que as empresas foram contratadas após venceram pregão eletrônico. De acordo com o Serpro, a Ideal fazia a segurança do posto do órgão em Goiânia até o ano passado, quando o contrato foi encerrado. Já Secretaria de Saúde explicou que os pagamentos à Vitapan se referem à compra de medicamentos e que o produto tem sido entregue. A Fiocruz, por sua vez, disse que comprou da Vitapan 5,7 milhões de comprimidos para tratamento cardíaco e um anti-inflamatório que foram distribuídos para a Farmácia Popular.
FONTE: O GLOBO
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