quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Responsabilidade social e fiscal vão juntas, não há oposição, diz Persio Arida

Para economista, países que olharam mais para um dos lados da equação tiveram problemas

Mariana Ribeiro / Valor Econômico

O economista Persio Arida, parte da equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse há pouco que responsabilidade fiscal e social “vão juntas” e que é preciso avançar nas duas frentes.

 “Não há oposição”, disse Arida no Lide Brazil Conference, em Nova York, nos Estados Unidos. O economista afirmou que há diversos casos de países que olharam mais para um dos lados da equação e tiveram problemas.

Arida havia sido questionado sobre declarações recentes de Lula a respeito da responsabilidade fiscal que levaram à reação negativa do mercado. Arida disse que, por pertencer ao grupo de transição, não poderia fazer comentários mais aprofundados sobre o tema.

Na semana passada, Lula disse que a responsabilidade fiscal não pode ignorar a situação de quem ganha menos. “Por que as pessoas são obrigadas a sofrer para garantir a tal da responsabilidade fiscal deste país? Por que toda hora falam que é preciso cortar gastos, é preciso fazer superávit, é preciso cumprir teto de gastos?.”

Reformas

Arida disse que a discussão sobre a criação de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) está avançada e é possível que esse objetivo seja atingido no curto prazo, de seis a oito meses.

“Está amadurecido para isso”, afirmou, lembrando que há duas propostas de emenda à Constituição (PECs) de reformas “razoavelmente avançadas no Congresso”. Arida acrescentou que, além disso, o sistema tributário precisa de outras mudanças, mais profundas, que reduzam o contencioso e tragam previsibilidade.

Um dos formuladores do Plano Real, o economista disse que a abertura econômica e a reforma do Estado são outros dois pontos importantes para que o país possa crescer de forma inclusiva e sustentável.

De acordo com ele, o país “está muito longe” de conseguir abrir a sua economia e citou o Chile como um exemplo nesse campo.

Sobre a reforma do Estado, disse que a reforma administrativa “ainda engatinha” e é uma das dimensões dessa discussão. É preciso também revisar os gastos públicos, inclusive os gastos tributários, acrescentou. “Fato fundamental nessas reformas é o esforço de persuasão política.”

Arida frisou que o Brasil tem decepcionado no objetivo de atingir crescimento inclusivo e sustentável, mas que é possível reverter o quadro. Investimentos em educação, política social e meio ambiente são importantes nesse processo, disse ainda.

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