Para economista, países que olharam mais para um dos lados da equação tiveram problemas
Mariana Ribeiro / Valor Econômico
O economista Persio Arida, parte da equipe
de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
disse há pouco que responsabilidade fiscal e social “vão juntas” e que é
preciso avançar nas duas frentes.
“Não
há oposição”, disse Arida no Lide Brazil Conference, em Nova York, nos Estados
Unidos. O economista afirmou que há diversos casos de países que olharam mais
para um dos lados da equação e tiveram problemas.
Arida havia sido questionado sobre declarações recentes de Lula a respeito da responsabilidade fiscal que levaram à reação negativa do mercado. Arida disse que, por pertencer ao grupo de transição, não poderia fazer comentários mais aprofundados sobre o tema.
Na semana passada, Lula disse que a
responsabilidade fiscal não pode ignorar a situação de quem ganha menos. “Por
que as pessoas são obrigadas a sofrer para garantir a tal da responsabilidade
fiscal deste país? Por que toda hora falam que é preciso cortar gastos, é
preciso fazer superávit, é preciso cumprir teto de gastos?.”
Reformas
Arida disse que a discussão sobre a criação
de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) está avançada e é possível que esse
objetivo seja atingido no curto prazo, de seis a oito meses.
“Está amadurecido para isso”, afirmou,
lembrando que há duas propostas de emenda à Constituição (PECs) de reformas
“razoavelmente avançadas no Congresso”. Arida acrescentou que, além disso, o
sistema tributário precisa de outras mudanças, mais profundas, que reduzam o
contencioso e tragam previsibilidade.
Um dos formuladores do Plano Real, o
economista disse que a abertura econômica e a reforma do Estado são outros dois
pontos importantes para que o país possa crescer de forma inclusiva e
sustentável.
De acordo com ele, o país “está muito longe” de conseguir abrir a sua economia e citou o Chile como um exemplo nesse campo.
Sobre a reforma do Estado, disse que a
reforma administrativa “ainda engatinha” e é uma das dimensões dessa discussão.
É preciso também revisar os gastos públicos, inclusive os gastos tributários,
acrescentou. “Fato fundamental nessas reformas é o esforço de persuasão
política.”
Arida frisou que o Brasil tem decepcionado no objetivo de atingir crescimento inclusivo e sustentável, mas que é possível reverter o quadro. Investimentos em educação, política social e meio ambiente são importantes nesse processo, disse ainda.
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