O Globo
Lula e
ministros voaram para a Amazônia.
Tudo bem, mas, enquanto o Brasil vive uma seca histórica, mais incêndios e
queimadas, o que se precisa é de trabalho em Brasília. Trabalho, no sentido de
não se acomodar porque o ministro assinou uma norma. Se conversa resolvesse, as
secas não produziriam as desgraças habituais. Afinal, ao saber da Grande Seca
de 1877 e da escassez de recursos, D. Pedro II teria dito:
— Se não há mais dinheiro, vamos vender as
joias da Coroa. Não quero que um só cearense morra de fome por falta de
recursos.
A Coroa, intacta, está no Museu Imperial de
Petrópolis. Um ano depois dessa fala marqueteira, num só dia de dezembro
morreram mais de mil pessoas em Fortaleza.
A fumaça está aí. A agência suíça IQAir, que
monitora a qualidade do ar em cem grandes cidades, revelou que São Paulo está
no fundo do poço (seco). Pequim, que ocupou esse desonroso posto, caiu para
oitavo lugar. A máquina chinesa funciona.
A Amazônia e o Pantanal têm milhares de focos de incêndio. São Paulo teve centenas. Em São Paulo já foram presas 15 pessoas. Não há notícia de piromaníacos capturados na Amazônia ou no Pantanal. Sabe-se que 12 fazendeiros são investigados, e um foi multado. Ganha um lote grilado quem acredita nos resultados dessas investigações.
Se isso fosse pouco, a ONG Global Witness
informa que, pelo segundo ano consecutivo, o Brasil ficou em segundo lugar,
atrás da Colômbia, na lista de países onde são assassinadas mais pessoas
envolvidas na defesa do meio ambiente, uma a cada dois dias.
Pode ser que não adiante muita coisa, mas
valeria a pena lembrar que Winston Churchill tinha na sua mesa etiquetas
determinando “Ação, hoje”. Os burocratas sabiam que era melhor atendê-lo.
Graças a uma dessas etiquetas, desemperraram o projeto para decifrar os códigos
militares do Exército alemão. Os burocratas japoneses não deram importância a
uma notícia de jornal americano, em 1942, que revelava a quebra de parte dos
códigos de sua Marinha. Só se deram conta da lambança depois do fim da guerra.
Todas as ruínas da atual crise ambiental foram pronunciadas na imprensa.
O que falta ao governo na lida com a crise do
meio ambiente é ação. A ministra Marina Silva está
mais para comissão de frente que para diretora da bateria. Lustra, mas não faz
barulho, nem propaga ritmo. As propostas viram palavras ao vento. Em outros
casos, para felicidade geral das nações, são apenas esquecidas. Em fevereiro de
2023, Lula defendeu a necessidade de uma “governança global” para a questão
climática. Noves fora que a busca dessa governança equivale a procurar o elixir
da vida eterna, o que a crise demanda é governança nacional, estadual e
municipal.
O governo de Lula difere do fumacê de
Bolsonaro na plumagem e nas puras intenções. Nos resultados, os números são
semelhantes. O primeiro semestre fechou com o maior número de queimadas na
Amazônia, e o geólogo Marco Moraes ensina:
— No Pantanal e na Amazônia, a umidade não
deixa que o fogo natural, nas raras vezes em que ocorre, se alastre. As
queimadas ali são provocadas pela ação humana, irresponsável ou mesmo
criminosa.
O que falta é ação.
4 comentários:
Muito bom! O governo Lula tem muito blá-blá-blá e pouca ação. Especialmente na área ambiental.
Todo governo segue o mantra de pastor e coach estelionatário bem-sucedido: POSE e GOGÓ. Como diria Elio Gaspari, a patuléia acredita no que quer ouvir.
Perfeito !
Ninguém adverte sobre as perigosas bitucas de cigarro.
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