domingo, 25 de novembro de 2012

Rose - Eliane Cantanhêde

Enquanto José Dirceu atiçava a militância do PT para ir "às ruas" defender os condenados do mensalão, a Polícia Federal prendia no escritório da Presidência da República em São Paulo a super Rose, que trabalhou com Dirceu por 12 anos, assessorou o presidente Lula e está metida até a alma em histórias do arco da velha.
 
É estranho, assustador, como o tempo vem revelando o que estava por trás daquela equipe tão dedicada, meio heroica, que assessorava Dirceu nas CPIs contra Collor e nas alianças com o Ministério Público e a imprensa e nos vazamentos de estatais contra adversários, quaisquer que fossem.
 
Erenice Guerra se enrolou com tráfico de influência na Casa Civil e deu no que deu. Valdomiro Diniz foi filmado pedindo propina para o bicheiro Carlinhos Cachoeira e virou uma alma penada na vida de Dirceu. Agora essa Rosemary Noronha, cheia de mistérios e de poder.
 
Secretária, não era uma simples mequetrefe. Promovida a chefe de gabinete, tinha lugar cativo nas viagens de Lula, cobrava plásticas, pacotes em cruzeiros e dinheiro em espécie para dar uma mãozinha em processos. Investia-se -ou era investida- de inexplicável poder.
 
Como é que uma secretária, ou assistente, ou chefe de gabinete nomeia diretores da ANA, a agência de águas, e da Anac, de aviação civil? Como exige que o Senado aprove alguém rejeitado em duas votações? E será que é mera coincidência justamente esses dois diretores serem presos agora com Rose?
 
Outro "detalhe" é o emblemático escritório da Presidência da República em São Paulo, onde o ex-presidente Lula e a atual presidente Dilma se reúnem com Antonio Palocci, demitido no governo de um e depois no da outra por histórias nunca muito bem explicadas.
 
Em todo esse enredo, aplausos para a independência da Polícia Federal e do Ministério da Justiça. Que continuem revelando ao país quem é quem, "duela a quem duela".
 
Fonte: Folha de S. Paulo

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