domingo, 25 de novembro de 2012

Ligação de Rosemary com Lula traz tensão

Planalto agiu rápido após a Operação Porto Seguro, mas tentando evitar impacto negativo com Lula e a cúpula do PT
 
BRASÍLIA - A nota da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, anunciando o afastamento dos citados na Operação Porto Seguro, da polícia Federal, foi elaborada ontem pela manhã, em reunião da presidente Dilma Rousseff com os ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Gilberto Carvalho, Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams. Durante a reunião, chegou um pedido de exoneração de Rosemary Novoa de Noronha, a chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, que foi indiciada por corrupção ativa. O número dois da AGU, José Weber Holanda, pretendia fazer o mesmo. Assim, formalmente, eles devem ser exonerados "a pedido". Politicamente, no entanto, o gesto perdeu peso, já que eles foram atropelados pela nota divulgada pela Presidência.Quando a operação da Polícia Federal estourou, na sexta-feira (23), Gilberto Carvalho e o presidente nacional do PT, Rui Falcão, entraram no circuito para convencer Rosemary a pedir exoneração. Eles queriam minimizar o impacto da demissão de uma funcionária tão próxima do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
 
O presidente nacional do PT, no entanto, negou que tenha participado da articulação. "Não é verdade. Não falei com ela e, portanto, não poderia ter pedido nada a ela. Aliás, só tenho informação do que ocorre pela mídia."
 
Rosemary era secretária do ex-presidente Lula no escritório da Presidência em São Paulo. Quando Lula fazia viagens internacionais, ela o acompanhava. A funcionária foi mantida no cargo por Dilma a pedido do ex-presidente.

Rosemary, junto com o ex-ministro José Dirceu, indicou os irmãos Vieira (Paulo Rodrigues Vieira e Rubens Carlos Vieira) para a diretoria da Agência Nacional de Águas (ANA) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), respectivamente, e mantinha com eles estreita ligação. Os dois são acusados de participar de um esquema de fraudes de pareceres técnicos em agências reguladoras e órgãos federais.

Ademissão na ANA pode ter implicações sobre decisões importantes tomadas pela agência recentemente. No último dia 26 de outubro, o consórcio Energia Sustentável do Brasil (ESBR) ? que opera Jirau e cujo controlador é a multinacional GDF Suez ? entrou com representação junto à ANA questionando o parecer que a entidade havia dado ao consórcio Santo Antônio Energia (SAE), que tem entre seus sócios Furnas, Cemig, Odebrecht e Andrade Gutierrez, favorável à ampliação da cota do seu reservatório de 70,5 m para 71,3 m para a instalação de seis turbinas adicionais.

A disputa que está sendo travada na Amazônia brasileira pela ampliação da cota de reservatório de água envolve bilhões de reais. Quanto maior o nível de água, mais potência de geração de energia e, portanto, mas receita para as empresas. O documento encaminhado à ANA, de 19 páginas, ainda não teve uma resposta da agência.

Juntamente com a representação, a ESBR enviou ao agente regulador uma nota técnica com mais de 30 páginas com uma avaliação dos efeitos que a ampliação da cota de água de Santo Antônio poderia ter sobre a região, entre elas o alagamento de municípios próximos.
 
Fonte: Jornal do Commercio  (PE)

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