Cristian Klein – Valor Econômico
SÃO PAULO - Assim como Alckmin terá menos tempo que Skaf em São Paulo, vários governadores ou candidatos da situação largarão em desvantagem na propaganda eleitoral de rádio e TV, que começará em 19 de agosto. Ao todo, nove de 26 candidatos governistas (34%) terão espaço no horário eleitoral inferior a pelo menos um adversário.
Em dois Estados, o candidato governista disporá de menos tempo de propaganda do que dois concorrentes da oposição. É o caso de Nelsinho Trad (PMDB), em Mato Grosso do Sul; e o governador Camilo Capiberibe (PSB), no Amapá. Nesta mesma situação, Eduardo Tavares (PSDB), em Alagoas, desistiu ontem de concorrer.
Seis governadores também estão em desvantagem, embora para apenas um adversário. Entre eles, o petista Tião Viana (31%) em relação ao tucano Márcio Bittar (46%), no Acre; o tucano Simão Jatene (35%) diante do pemedebista Helder Barbalho (40%), no Pará; o pessebista Ricardo Coutinho (25%) contra o tucano Cássio Cunha Lima (33%) na Paraíba; o pemedebista Confúcio Moura (24%) versus o tucano Expedito Júnior (28%), em Rondônia; e Geraldo Alckmin (24%) para Skaf (29%).
Alckmin é o único entre os sete governistas das regiões Sul e Sudeste nesta condição desfavorável. A maioria dos que estão em desvantagem para adversários da oposição - cinco dos nove (55%) - é formada por situacionistas da região Norte. Como a região tem sete Estados, a vantagem da oposição será em 71% deles - o que indica uma possível fonte de mudanças políticas na região.
É o caso do Amazonas, onde o governador José Melo (Pros) é ameaçado pelo senador e ex-governador Eduardo Braga (PMDB), com quem rompeu e foi obrigado a mudar de partido para se candidatar à reeleição. Dos sete governadores em desvantagem quanto ao tempo de TV, Melo é o único que não foi eleito em 2010 e está há menos de quatro meses no cargo, depois que Omar Aziz (PSD) se desincompatibilizou para concorrer ao Senado.
Ao todo, 18 governadores buscarão a reeleição neste ano. Dos 11 com propaganda superior à dos adversários, o único incumbente a igualar o espaço que terá a presidente Dilma Rousseff, na eleição ao Planalto, é Chico Rodrigues (PSB), de Roraima. Ambos contarão com 47% do espaço disponível - embora, em minutos, o programa da petista será maior porque o horário eleitoral dos candidatos à Presidência dura 25 minutos. Além dele, mais dois candidatos de situação vão igualar ou superar Dilma, proporcionalmente: Lobão Filho (PMDB), que também tem 47% no Maranhão, e Paulo Câmara (PSB), com seus 52% em Pernambuco.
Isso mostra que a vida de governistas nas eleições estaduais tende a ser menos confortável do que na corrida presidencial. Enquanto na disputa ao Planalto, Campos, o tucano Aécio Neves e os demais oito adversários de Dilma ocuparão 53% da propaganda eleitoral, os candidatos a governador oposicionistas terão, em média, 66%.
Num caso atípico, no Rio Grande do Norte esse índice sobe para 100%, pois, a rigor, não há um defensor do status quo. Com baixíssima popularidade, a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) não conseguiu legenda para concorrer à reeleição e foi politicamente isolada.
Beneficiário do desmantelamento da administração Rosalba, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB) - entre os que adotam o discurso de mudança - é o que terá o maior tempo de TV nas disputas estaduais (46,6%). Em seguida, os oposicionistas com mais munição na propaganda eleitoral - que inclui ainda as inserções ao longo da programação das emissoras - são o tucano Márcio Bittar (46,2%), no Acre, uma dupla de herdeiros políticos de caciques pemedebistas, Renan Filho (43%), em Alagoas, e Helder Barbalho (40%), no Pará; além do senador Eduardo Braga (38%), que tenta retomar o governo do Amazonas.
A oposição também terá boas oportunidades no Nordeste, que apresenta a menor taxa de governadores em busca de reeleição: em três dos nove Estados (33%).
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