sábado, 8 de maio de 2010

Dilma diz estranhar 'convite' de Serra ao PT

DEU EM O GLOBO

Presidente do PSDB reage dizendo que ela estranhou porque só conhece o Estado aparelhado

IPOJUCA (PE), SÃO PAULO e BELO HORIZONTE. Antes da solenidade no Porto de Suape, a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse ter achado estranho seu principal adversário, José Serra (PSDB), ter afirmado anteontem que poderá chamar o PT e o PV para compor o seu governo, caso seja eleito presidente: — Acho que temos projetos distintos. E em qualquer tentativa de fingir que não é distinto esse projeto tem que ser muito bem explicada, porque eles foram contra o presidente Lula durante tanto tempo, porque fizeram oposição tão raivosa. Agora, quando temos 76% de aprovação para o governo e mais de 90% para o presidente Lula, soa muito estranha essa fala (de Serra).

No fim da tarde, ela voltou a bater na mesma tecla, criticando a oposição mais uma vez: — Ela (a oposição) foi muito aguerrida, muito irritada conosco, ao longo destes sete anos e meio. Não foi uma oposição civilizada. Tanto é que esse estaleiro foi chamado de virtual, e o PAC e o Promef não existiam — afirmou ela, referindo-se ao estaleiro Atlântico Sul, ao Programa de Aceleração do Crescimento e ao Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro.

O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), rebateu as declarações de Dilma.

Acusou a ex-ministra de ter participado de um governo que era aparelhado.

— O Serra não trabalha com aparelhamento do Estado.

A Dilma estranha essa afirmação porque só conhece Estado aparelhado — disse Guerra.

Um das principais bandeiras da campanha do pré-candidato do PSDB tem sido a crítica à quantidade de cargos de confiança ocupados por militantes do PT no governo Lula. Guerra lembrou ainda que Serra convidou petistas para trabalhar com ele quando foi ministro da Saúde no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso.

— Para mim, a declaração do Serra não surpreende. O importante para ele na hora de fazer nomeação é a qualificação — disse Guerra.

O secretário-geral do PSDB, deputado federal Rodrigo de Castro (MG), disse apoiar a proposta de Serra de ter o PV e o PT em um eventual governo tucano. Ele afirmou considerar fundamental uma aproximação entre PT e PSDB que, segundo ele, têm “muitos pontos em comum”.

— É mais que saudável o diálogo entre o PSDB e PT.

Podemos fazer esse diálogo em prol do país sem abdicar de nossas independências.

Temos muitos pontos em comum.

É fundamental a convergência, pelo menos em alguns pontos, entre os dois grandes partidos do país, que a meu ver são o PSDB e o PT — disse.

O parlamentar afirma que essa união seria uma forma de combater a “lógica totalmente perversa” que, na visão dele, impera hoje no governo Lula e no Congresso, de “trocar cargos” e ficar “mendigando emendas”.

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