Em encontro na ONU sobre transparência governamental, organizado pelo presidente dos EUA, Barack Obama, a presidente Dilma Rousseff disse que a atuação livre e vigilante da imprensa no Brasil é um instrumento no combate à corrupção, ressaltando também os esforços da Procuradoria Geral da República e da Controladoria Geral da União. Dilma não citou recentes casos de irregularidades, que derrubaram quatro de seus ministros, mas reafirmou não compactuar com "erros e malfeitos". A defesa da liberdade de imprensa vai na contramão do PT, que prega controle da mídia. Ao receber homenagem na Bahia, o ex-presidente Lula afirmou que os políticos devem ter "casco duro" para resistir às denúncias de corrupção. Hoje, a presidente Dilma discursa na abertura da Assembleia Geral da ONU
Vigilância contra a corrupção
Na ONU, Dilma diz que imprensa livre ajuda no combate a malfeitos, mas não cita a faxina
Cristiane Jungblut* e Fernanda Godoy**
Num evento sobre a transparência dos governos, ontem, na ONU, a presidente Dilma Rousseff disse que a atuação da imprensa livre no Brasil, "sem constrangimento governamental", é um dos instrumentos no combate à corrupção. O discurso foi na contramão da postura do PT, que defende a regulação da mídia. Após demitir quatro ministros sob suspeitas de desvios éticos, Dilma não citou a faxina feita em sua equipe, mas afirmou que seu governo age de forma "firme e permanente" contra "erros e malfeitos".
Dilma ressaltou os esforços da Procuradoria Geral da República (PGR) e da Controladoria Geral da União (CGU) para fiscalizar casos de corrupção. Ela não citou as recentes crises que levaram a sucessivas quedas de ministros, mas reafirmou que não está disposta a tolerar mais problemas:
- Temos ainda a atuação autônoma da Procuradoria Geral da República e da inteligência da Polícia Federal. Conta-se também com a posição vigilante da imprensa brasileira, não submetida a qualquer constrangimento governamental. As ações do governo nessa matéria são firmes e permanentes - discursou Dilma no encontro "Parceria para o governo aberto", organizado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. - Fui muito clara desde o discurso de posse, em janeiro, quando afirmei que meu governo não terá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito.
Dilma ainda citou a importância da internet na mobilização da sociedade:
- A internet e as redes sociais vêm desempenhando um papel cada vez mais importante para a mobilização cívica na vida política. Vimos o poder dessas ferramentas no despertar democrático dos países do Norte da África e do Oriente Médio sacudidos pela primavera árabe.
Dilma cita Portal da Transparência
Quando ia citar a CGU, Dilma cometeu um ato falho e falou Ministério Público. Também garantiu que o Portal da Transparência, da CGU, oferece todos os dados sobre gastos:
- O nosso Portal da Transparência é hoje o símbolo dos avanços brasileiros na relação do governo com a cidadania. Por seu intermédio, divulgamos na internet, diariamente, todos os gastos do governo. O próximo passo será disponibilizar essas informações como dados abertos, permitindo seu livre uso em diferentes análises e cruzamentos - prometeu Dilma.
Na verdade, os gastos da Presidência da República, por exemplo, são sigilosos. Também há dificuldades para obter as despesas do Itamaraty e das estatais.
Sobre o projeto de Lei de Acesso à Informação, que está parado por resistências do senador Fernando Collor (PR-AL), Dilma o citou como um avanço de seu governo:
- Encontra-se em discussão no Congresso Nacional um projeto de lei destinado a regulamentar o acesso às informações públicas, com regras transparentes e prazos menores para o sigilo de documentos.
Dilma passou pelo incômodo de ver o Brasil excluído da lista dos países que aprovaram leis que garantem aos cidadãos o direito à informação, citada no encontro por Obama. Em seguida, porém, o presidente americano, que chamou Dilma de amiga, disse que Brasil e África do Sul estão colocando mais informações na internet:
- (Estão) Ajudando as pessoas a controlar a maneira como os governantes gastam o dinheiro dos seus impostos - disse Obama.
* Enviada especial
** Correspondente
FONTE: O GLOBO
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