Para o ex-presidente, político não pode "tremer" e tem que enfrentar a briga
Biaggio Talento*
SALVADOR. "Casco duro". Esse é o atributo que os ministros da presidente Dilma Rousseff devem ter para resistir às denúncias de corrupção e não caírem tão rapidamente, aconselhou ontem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após receber em Salvador o título de doutor honoris causa da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
- O político tem que ter casco duro. Porque, se cada político tremer a cada vez que alguém disser uma coisa errada dele, ele não enfrentar a briga para provar que está certo, e as pessoas vão saindo mesmo.
Lula citou casos que levaram à queda de ministros, desde o início do atual governo:
- Pelo que vi pela imprensa, o ministro Alfredo (Nascimento, dos Transportes) não foi a presidenta Dilma que tirou. Mandou ele investigar. O ministro (Nelson) Jobim não saiu por corrupção, saiu por conta de (outro) problema. O ministro da Agricultura (Wagner Rossi), a presidenta Dilma defendeu ele publicamente e ele depois renunciou. O ministro do Turismo teve um problema quando era deputado - disse Lula, sem citar o ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci, que caiu após a divulgação de seu crescimento patrimonial.
Lula compara corrupção a uma doença ruim
Para Lula, Dilma tem agido corretamente no campo ético. Segundo o ex-presidente, "ninguém pense que ficará impune se fizer alguma coisa errada: se ela souber, eu conheço, ela vai passar a vassoura". Ele disse que não "se assusta" com as denúncias de corrupção:
- A direita no Brasil, quando não tem o que fazer, a corrupção é o único tema dela, foi assim no tempo de Juscelino (Kubitschek), quando a UDN cresceu por conta disso. De repente, você vê o PFL falando de honestidade. Aí, a gente não sabe se é piada. De qualquer forma Deus deu boca para todo mundo falar, e cada um fala o que quer.
Lula comparou a corrupção a uma "doença ruim" ou a um problema mecânico:
-- Fazer um check-up (médico) é que nem mandar carro para a concessionária: "ah, tem um barulhinho no escapamento". Quando vem, é a lista de problemas... No meu governo, dobramos o número de policiais federais, o investimento na inteligência e aumentamos o salário da Polícia Federal. Reforçamos a Controladoria (Geral da União) e, ao investigar os municípios, nos sorteios feitos na Caixa Econômica, nunca teve destaque na imprensa. Na medida que você começa a investigar e que não se empurra mais nada para baixo do tapete, a corrupção aparece.
Um grupo de alunos invadiu o auditório da reitoria, onde ele discursava, pedindo mais verbas. Houve gritaria e empurra-empurra. Muitos pediram autógrafos a Lula.
* da Agência A Tarde
FONTE: O GLOBO
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