quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Pesquisa interna cria saia justa para PSDB

Vazamento dos dados mostrou que, hoje, Dilma venceria eleição no 1º turno

Gerson Camarotti

BRASÍLIA. A divulgação de dados negativos de uma pesquisa interna encomendada pelo PSDB causou saia justa no partido, e provocou ontem uma tensa reunião da bancada na Câmara com o presidente da legenda, Sérgio Guerra (PE). O vazamento de dados da consulta feita pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) mostrou que, se a eleição fosse hoje, a presidente Dilma Rousseff ganharia no primeiro turno e contrariou integrantes do partido, especialmente do grupo do ex-governador José Serra.

Na reunião da bancada, serristas e aecistas estavam divididos sobre a divulgação dos dados da pesquisa coordenada pelo cientista político Antonio Lavareda. Na noite de segunda-feira, Serra cobrou de Sérgio Guerra responsabilidade pelo vazamento para a imprensa, em jantar em São Paulo. Segundo a pesquisa, se a eleição presidencial fosse hoje, Dilma teria 59% dos votos válidos; José Serra, apenas 25%; e Marina Silva teria 15%. Na eleição passada, Serra teve 32,6% e Marina, 19,3%.

- O PSDB decidiu fazer divulgação seletiva contra o partido. Quanto pagamos para falar mal da gente? Foi feito um vazamento seletivo para gerar fatos negativos - criticou o ex-líder do PSDB, deputado Jutahy Júnior (BA), aliado de Serra.

Na reunião, com a participação de Guerra e Lavareda, o deputado baiano criticou a autonomia do contratado para fazer comentários e distribuir partes da pesquisa. Jutahy citou o fato de pesquisa ter sido usada pelo ex-ministro José Dirceu.

- Se a pesquisa é para definir estratégia futura, não vejo razão para que os dados tenham vazado. Como o PSDB divulga isso, para que o adversário possa explorar os nossos erros? - lamentou o deputado Mendes Thame (SP).

- Se a pesquisa é uma ferramenta estratégica, era preciso ter mais cuidado. Mas sei que é difícil de segurar - ponderou o líder Duarte Nogueira (SP).

O presidente da legenda reagiu às críticas.

"Não serão só meia dúzia de iluminados que vão decidir as estratégias e os rumos do partido. A minha ideia é democratizar a informação interna. Do que saiu nos jornais, foi mais positivo do que negativo", disse Sérgio Guerra, segundo relatos.

A pesquisa foi defendida pelos tucanos mineiros ligados a Aécio Neves. O deputado Marcus Pestana, presidente do PSDB de Minas Gerais, defendeu a metodologia de debate interno:

- O Sérgio Guerra optou por um processo participativo ao apresentar os dados da pesquisa para a Executiva e as bancadas da Câmara e do Senado. O pior seria a tática do avestruz, de enterrar a cara na terra. Não há porque ficar chateado. É natural que a Dilma lidere a pesquisa, pois ela está no poder, enquanto o Serra está na quarentena. O quadro é delicado e exige ação política. Não podemos brigar contra o termômetro porque estamos com febre.

FONTE: O GLOBO

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