quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Greve dos bancários tem adesão em quase todo o país e causa transtornos

Trabalhadores pedem reajuste de 12,8%, e Febraban diz que é "impensável"

No Rio de Janeiro, agência fechada: o movimento envolveu 16 mil bancários, de acordo com o sindicato

Wagner Gomes e Bruno Rosa

SÃO PAULO, RIO e BRASÍLIA. A greve dos bancários, que começou ontem, atingiu praticamente todo o país e causou transtornos a muitos correntistas. Para a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), foram fechadas 4.191 agências em 25 estados e no Distrito Federal. Roraima foi o único estado em que os bancários não aderiram à paralisação. Em nota, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) afirmou que a greve é precipitada, já que as negociações ainda estavam em andamento.

Nos Correios, após mais de uma semana de impasse, as negociações foram retomadas com os servidores. As conversas continuam hoje e, dependendo do que for oferecido, a greve poderá terminar. A empresa reapresentou a proposta de reajuste salarial e de benefícios em 6,87%, aumento real de R$50 e abono de R$800.

Bancários e representantes dos bancos já realizaram cinco rodadas de negociações. Na última delas, sexta-feira, a Fenaban ofereceu 8% de reajuste salarial, que inclui 0,56% de aumento real. Os trabalhadores querem 12,8%, ou 5% de aumento real.

- A greve começou mais forte que a do ano passado, quando fechamos 3.864 unidades no primeiro dia - afirmou Carlos Cordeiro, presidente da Contraf, entidade filiada à CUT.

No Rio, 342 bancos não funcionaram ontem

No Rio, segundo estimativas do Sindicato do Bancários do Rio de Janeiro, 342 agências aderiram à greve. A maior parte das paralisações, diz Almir Aguiar, presidente do sindicato, ficou restrita ao Centro da cidade.

- O fechamento das agências envolveu 16 mil bancários. No Rio, a categoria soma 32 mil profissionais. Decidimos entrar em greve hoje (ontem) porque na segunda-feira não concordamos com o reajuste oferecido pelos bancos, que elevaram a proposta de 7,8% para 8% - diz Aguiar.

Segundo Aguiar, os caixas automáticos dos bancos seguem funcionando normalmente, "reduzindo os transtornos a quem tenta pagar suas contas".

Em São Paulo, cerca de 21 mil bancários aderiram à greve ontem, segundo balanço do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Ao todo, foram fechadas 687 agências e centros administrativos nessa área. Segundo o sindicato, a maioria das agências do Centro funcionou apenas com os sistemas de autoatendimento, nos quais os clientes puderam retirar dinheiro e pagar contas.

- A proposta da Fenaban está muito aquém do reivindicado pela categoria e do crescimento de 20% no lucro dos bancos - disse Juvândia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, que tem 135 mil trabalhadores em sua base.

Segundo Magnus Apostólico, diretor de Relação do Trabalho da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), as negociações entre a Fenaban e o Sindicato dos Bancários ainda estão em aberto. Mas Magnus, contudo, disse ser "impensável" conceder um reajuste de 12,8%:

- A solução está na mesa de negociação, e não nas ruas.

A Fenaban reconhece que a greve causou transtornos aos aposentados, que estão em período de pagamento. A dica é utilizar internet, telefone e terminais de autoatendimento.

FONTE: O GLOBO

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