quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Por um fio :: Eliane Cantanhêde

BRASÍLIA - Você conhece algum ministro ou governador que tenha caído por usar avião de empresário que mantenha interesse em sua pasta/governo? Não, não é mesmo, governador Sérgio Cabral?

Apesar disso, o ministro Carlos Lupi, do Trabalho, vai tentar reduzir o estrago atribuindo sua queda a uma viagem ao Maranhão num jato do empresário Adair Meira, da Fundação Pró-Cerrado, responsável por ONGs que têm convênios com o Trabalho. E vai, como sempre e como todos, botar a culpa na imprensa.

Lupi, porém, está por dias, ou por horas, ou por um fio, por suspeitas de desvios de dinheiro público, por falar demais e por mentir.

Em depoimento no Congresso, o ministro disse que não viajara no tal jatinho nem conhecia Adair Meira. Pois não é que apareceu até foto do ministro descendo do avião? E que Adair Meira contou que ele próprio estava a bordo com o ministro?

O pior é o que veio antes e depois da viagem de Lupi com Meira. Antes, a Controladoria-Geral da República já tinha alertado o Trabalho para mais de dez irregularidades num convênio de R$ 2,3 milhões com a Pró-Cerrado. Depois, o ministério assinou novos convênios com a fundação, num total de R$ 11,6 milhões.

Sem falar na história esquisitona dos sete sindicatos patronais do Amapá, inclusive da indústria naval. Indústria naval no Amapá?!

Assim, realmente fica difícil para Dilma manter o ministro e o sangue frio (logo ela!), como gostaria, até a reforma ministerial do início de 2012. Vai terminar seu ano de estreia com um número recorde e cabalístico de quedas de ministros: sete.

Lupi é candidatíssimo a ser o sétimo a cair, o sexto por suspeitas de corrupção. O principal foi Antonio Palocci, que abriu a fila e deu o Prêmio Esso de Jornalismo aos repórteres da Folha Andreza Matais, José Ernesto Credendio e Catia Seabra. Eles fizeram um trabalho irretocável, motivo de orgulho para a categoria.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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