Não foi do dia para a noite que a Petrobras chegou à situação precária em que se encontra, despertando mais dúvidas do que certezas. Na última segunda-feira (2), as ações ordinárias da empresa sofreram a pior queda desde a crise internacional de 2008, despencando mais de 10%. Ao todo, a estatal viu escorrer pelo ralo o montante de R$ 24 bilhões em um único dia. O Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro de ações, fechou com baixa de 2,36%, o menor patamar em três meses.
O esfacelamento da Petrobras é um dos legados da década petista no poder. Tudo começou com a ação deletéria do ex-comandante da companhia, José Sérgio Gabrielli, emparce-ria com seu padrinho político, o ex-presidente Lula. Nos dois mandatos lulistas, a empresa se tornou reduto de "companheiros" indicados a seus cargos em nome de interesses meramente partidários. O uso político da Petrobras a atrelou a um projeto de poder, e não de desenvolvimento, e corroeu sua credibilidade.
O "pibinho" de Dilma é resultado da escassez de políticas de desenvolvimento sob Lula, que legou à sucessora o que se pode chamar de herança maldita. O tombo do início da semana era apenas um desastre esperando para acontecer desde que o governo anunciou um reajuste de 4% no preço da gasolina e 8% para o diesel nas refinarias, mas não divulgou como seria a nova metodologia de precificação. Em meados de outubro, a atual presidente da estatal, Graça Foster, aprovou um novo plano de reajuste junto ao Conselho de Administração, mas essas informações não foram compartilhadas com o mercado "por razões comerciais".
A expectativa era de que o aumento seria maior, algo entre 6% e 10% para a gasolina, e que um novo plano de reajuste automático desse alguma previsibilidade aos gastos da Petrobras diante da oscilação no preço do petróleo. A atual política da empresa, com reajustes esporádicos que não acompanham valores internacionais e provocam defasagem, sacrifica a companhia, que perdeu R$ 14 bilhões entre janeiro e agosto ao absorver essa diferença de preços.
A inflação que o governo não consegue segurar com suas próprias forças tem de ser represada às custas de uma Petrobras já combalida desde os tempos da dupla Lula-Gabrielli. O desastre da política econômica encampada pelo PT gera índices inflacionários controlados artificialmente, o que arma uma bomba prestes a explodir. Enquanto isso, a estatal já não conta com a confiança dos investidores, vê suas ações despencarem em questão de horas, perde 40% em valor de mercado em um período de três anos (entre 2010 e 2013) e 36% no lucro líquido em 2012 (em relação a 2011).
A absoluta inépcia do PT na gestão da economia não prejudica apenas a Petrobras, mas o país como um todo. Prova disso é o pífio resultado do PIB do terceiro trimestre: retração de 0,5% em relação aos três meses anteriores, o pior resultado em quatro anos. O "pibinho" de Dilma é resultado da escassez de políticas de desenvolvimento sob Lula, que legou à sucessora o que se pode chamar de herança maldita.
O loteamento político da máquina governamental, a falta de transparência na divulgação de informações ao mercado e a manipulação de dados para encobrir uma realidade mais difícil do que faz crer a propaganda oficial são facetas de uma mesma moeda. Se não tiver coragem para mudar seu rumo, o Brasil caminha a passos largos para sofrer com o mesmo esfacelamento que atingiu a Petrobras. Será preciso um novo governo para recolocar o país na rota do crescimento.
Deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
Fonte: Brasil Econômico
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