Valdo Cruz, Leandro Colon e Fábio Brisolla – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA, RIO - O ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), anunciou neste sábado (21) que o presidente interino, Michel Temer, decidiu recriar o Ministério da Cultura.
A decisão foi tomada pelo presidente, segundo Mendonça Filho, como um "gesto" para a área da cultura do país, que criticou fortemente a extinção do Ministério da Cultura, que havia sido anexado ao da Educação.
"O presidente avaliou que seria melhor recriar o Ministério da Cultura pelo caráter emblemático que tem a pasta. A sua fusão à Educação foi na linha de reduzir o tamanho do governo, mas, diante das reações, optou-se por voltar à configuração original", disse Mendonça Filho à Folha.
Segundo ele, será editada uma medida provisória na segunda-feira (23) com a recriação do Ministério da Cultura. No dia seguinte, terça-feira (24), Marcelo Calero, que havia sido escolhido secretário nacional de Cultura, tomará posse como ministro.
Mendonça Filho disse que, como secretaria ou ministério, o mais importante será fazer uma reestruturação completa da área de cultura do governo. "Está tudo desorganizado, sem planos, o novo ministro vai reestruturar o setor", disse o ministro da Educação.
A confirmação inicial do recuo do governo, diante das pressões do setor cultural, veio por meio da conta no Twitter do ministro da Educação, que informou que a medida foi decidida no final da manhã deste sábado em conversa com o presidente interino Michel Temer.
"O compromisso do presidente com a Cultura é pleno", disse Mendonça. "A decisão de recriar o Minc (Ministério da Cultura) é um gesto do presidente Temer no sentido de serenar os ânimos e focar no objetivo maior: a cultura brasileira", ressaltou.
Em meio à polêmica, pelo menos cinco mulheres anunciaram ter recusado sondagens para assumir a Secretaria Nacional de Cultura, subordinada ao ministro da Educação pelo organograma montado por Temer.
A Folha apurou que Marcelo Calero recebeu uma ligação de Temer no início da tarde deste sábado (21) para informá-lo sobre a mudança. Temer disse que o Ministério da Cultura seria restaurado e avisou a Calero que ele seria o novo ministro.
"Com Marcelo Calero vamos trabalhar em parceria para potencializar os projetos e ações entre os ministérios da Educação e da Cultura", frisou o ministro Mendonça Filho.
Com a recriação da pasta, o governo interino de Temer passa a ter então 26 ministérios, seis a menos que o de Dilma.
Críticas
O corte do Ministério da Cultura foi criticados tanto por entidades da área como por movimentos de esquerda.
O fim da pasta foi um dos principais argumentos usados por manifestantes que ocuparam prédios públicos para criticar o governo Temer. As manifestações começaram na sexta-feira (13), em Curitiba, e se alastraram por ao menos outras 15 capitais do país.
A ocupação do Palácio Capanema, prédio histórico no centro do Rio, contou nesta sexta-feira (20) com shows de nomes como Caetano Veloso e Erasmo Carlos, que bradaram contra a extinção do ministério.
Uma carta a Temer, assinada por artistas de renome, considerava um "retrocesso" a extinção da pasta.
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