O Estado de S. Paulo
Crise política emperra o ajuste fiscal,
enquanto a economia avança com desequilíbrios persistentes
Meio ano já se foi, mas com mais
oportunidades perdidas do que com conquistas alcançadas. A maior frente de
desencontros é política, como as
trombadas com o Congresso, no caso da derrubada do IOF, acabam de
reconfirmar.
O principal problema da economia não enfrentado foi o do rombo das contas públicas. A dívida bruta alcançou 76,2% do PIB em abril. O compromisso do governo de zerar o déficit está sendo sabotado pelo próprio governo, que se recusa a cortar despesas e teima em aumentar impostos – apesar da forte oposição da sociedade e dos políticos.
O comportamento da inflação está
melhor, mas ainda
muito acima do centro da meta, de 3% em 12 meses, com 1,5 ponto
porcentual de tolerância, para cima ou para baixo. As projeções do mercado,
como aponta a Pesquisa Focus, são de que o ano terminará com inflação em 5,3%.
O Banco Central, que elevou
os juros para os 15% ao ano – nível mais alto desde 2006, para enxugar
moeda, segue trabalhando sozinho no controle da inflação.
Há, ainda, outras fontes de inflação, como o
tarifaço do presidente Trump; os conflitos
no Oriente Médio; e, no Brasil, a
Com base nisso, o avanço do PIB nessa temporada
de 2025 deve situar-se em torno dos 2,5%, abaixo dos 3,4% registrados em
2024, mas um bom resultado, principalmente por conta do excelente desempenho do
agro. Também em consequência da alentada atividade econômica, o desemprego
segue em baixa.
O melhor desempenho da economia continua
sendo o das contas externas. A balança comercial (exportações menos
importações) aponta para um superávit de US$ 74 bilhões.
No acumulado do ano, até a terceira semana de
junho, as exportações cresceram 0,5% na comparação com o mesmo período do ano
passado e somaram US$ 156,9 bilhões. Além disso, a guerra entre Israel e Irã pode
contribuir para o aumento da exportação de petróleo do País mais à
frente.
O alto nível dos juros também vem atraindo
capital estrangeiro de curto prazo interessado nas operações de arbitragem com
juros, que consiste no levantamento de recursos no exterior a custos mais
baixos para reaplicação no Brasil a uma remuneração maior. A entrada de
Investimento Direto no País está estimada em US$ 70 bilhões.
As tensões nos próximos meses devem
se redobrar por conta dos conflitos políticos internos. A campanha
eleitoral já começou. Uma eventual vitória do presidente Lula em 2026 tenderia
a acentuar o descompasso com o Congresso.
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Se hoje o governo já enfrenta enorme
oposição, pode-se imaginar o que aconteceria a partir de 2027, se as forças de
centro-esquerda perderem ainda mais votos.
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