DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Pesquisa do Datafolha mostrou a quase irrelevância da questão do aborto sobre o comportamento do público em geral na hora de votar.
Pode ter tido importância crucial no voto pautado pelas igrejas, mas no eleitorado como um todo o que pesou mesmo foi o caso Erenice Guerra e o que o episódio invoca em matéria de escândalos nos últimos anos.
Segundo o instituto, três em cada quatro pessoas deixaram de votar na candidata do PT por causa das denúncias de tráfico de influência na Casa Civil e apenas uma em cada quatro teria sido influenciada pela religião.
De onde, duas conclusões: primeira, perdeu-se tempo com o assunto errado; segunda, o apreço à moralidade pública não é uma ligeireza das elites bem informadas nem uma manifestação tardia de "moralismo udenista", mas é um dos tópicos importantes na escala de valores do País.
Em tese, portanto, para a campanha de Dilma Rousseff seria melhor que a discussão ficasse no campo religioso do que se estendesse para o terreno da ética e dos bons costumes.
Isso na teoria e no cenário referente ao primeiro turno. A importância dada ao tema do aborto fez com que na campanha do segundo turno ele assumisse a posição de destaque que não teve ao longo da primeira etapa.
E, por paradoxal que pareça, justamente por causa das análises que equivocadamente atribuíam ao aborto a transferência de uma boa parcela de votos de Dilma para Marina Silva.
Isso fez com que o debate saísse do âmbito das igrejas e do subterrâneo difamatório da internet e sentasse praça ao centro da campanha, ao ponto de a candidata do PT ter escolhido enfrentar o tema de forma "assertiva" já no primeiro embate mano a mano com o adversário.
O assunto saiu da clandestinidade. Ontem, dia da Padroeira do Brasil, distribuíram-se panfletos em missa campal de Contagem (MG) e do lado de fora da Basílica de Aparecida recomendando votos apenas em candidatos contrários à descriminalização do aborto.
Não eram apócrifos nem se dirigiam a Dilma ou a Serra: estavam assinados pela Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e se referiam a uma posição bem especificada.
Um problema que a campanha do PT não resolve acusando o PSDB de caluniador nem chamando de retrógrados e medievais os brasileiros e brasileiras contrários - por razão religiosa ou não - à descriminalização do aborto.
Papel da crítica. O resultado do primeiro turno da eleição presidencial encerrou várias lições, várias amplamente comentadas nos últimos 10 dias. Uma, porém, não recebeu ainda o merecido destaque: o desmentido da tese defendida até por setores da oposição de que o contraditório era mercadoria em extinção.
Algo se move. Na próxima eleição é bem possível que os marqueteiros já não tenham mais tanto poder. Poder, aliás, distorcido, pois pressupõe a substituição da política pela propaganda.
O que indica essa tendência? As reclamações nas hostes tucanas e petistas e a exigência - apoiada por eleitores de parte a parte - de que Dilma seja "mais Dilma" e Serra "mais Serra".
Rumo. Passada a eleição presidencial o DEM abrirá discussões internas a respeito do destino do partido, notadamente no que tange à sua direção. A aposta "jovem" de entregar a legenda nas mãos dos herdeiros de maduros líderes, não deu certo.
Os experientes preferem esperar o resultado da eleição porque a correlação interna de forças se altera dependendo do presidente eleito.
Troféu. A piada entre tucanos é que Aécio Neves adorou a multa que recebeu por propaganda antecipada em favor do candidato do partido: só assim pode apresentar prova material do engajamento pró-Serra.
Pesquisa do Datafolha mostrou a quase irrelevância da questão do aborto sobre o comportamento do público em geral na hora de votar.
Pode ter tido importância crucial no voto pautado pelas igrejas, mas no eleitorado como um todo o que pesou mesmo foi o caso Erenice Guerra e o que o episódio invoca em matéria de escândalos nos últimos anos.
Segundo o instituto, três em cada quatro pessoas deixaram de votar na candidata do PT por causa das denúncias de tráfico de influência na Casa Civil e apenas uma em cada quatro teria sido influenciada pela religião.
De onde, duas conclusões: primeira, perdeu-se tempo com o assunto errado; segunda, o apreço à moralidade pública não é uma ligeireza das elites bem informadas nem uma manifestação tardia de "moralismo udenista", mas é um dos tópicos importantes na escala de valores do País.
Em tese, portanto, para a campanha de Dilma Rousseff seria melhor que a discussão ficasse no campo religioso do que se estendesse para o terreno da ética e dos bons costumes.
Isso na teoria e no cenário referente ao primeiro turno. A importância dada ao tema do aborto fez com que na campanha do segundo turno ele assumisse a posição de destaque que não teve ao longo da primeira etapa.
E, por paradoxal que pareça, justamente por causa das análises que equivocadamente atribuíam ao aborto a transferência de uma boa parcela de votos de Dilma para Marina Silva.
Isso fez com que o debate saísse do âmbito das igrejas e do subterrâneo difamatório da internet e sentasse praça ao centro da campanha, ao ponto de a candidata do PT ter escolhido enfrentar o tema de forma "assertiva" já no primeiro embate mano a mano com o adversário.
O assunto saiu da clandestinidade. Ontem, dia da Padroeira do Brasil, distribuíram-se panfletos em missa campal de Contagem (MG) e do lado de fora da Basílica de Aparecida recomendando votos apenas em candidatos contrários à descriminalização do aborto.
Não eram apócrifos nem se dirigiam a Dilma ou a Serra: estavam assinados pela Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e se referiam a uma posição bem especificada.
Um problema que a campanha do PT não resolve acusando o PSDB de caluniador nem chamando de retrógrados e medievais os brasileiros e brasileiras contrários - por razão religiosa ou não - à descriminalização do aborto.
Papel da crítica. O resultado do primeiro turno da eleição presidencial encerrou várias lições, várias amplamente comentadas nos últimos 10 dias. Uma, porém, não recebeu ainda o merecido destaque: o desmentido da tese defendida até por setores da oposição de que o contraditório era mercadoria em extinção.
Algo se move. Na próxima eleição é bem possível que os marqueteiros já não tenham mais tanto poder. Poder, aliás, distorcido, pois pressupõe a substituição da política pela propaganda.
O que indica essa tendência? As reclamações nas hostes tucanas e petistas e a exigência - apoiada por eleitores de parte a parte - de que Dilma seja "mais Dilma" e Serra "mais Serra".
Rumo. Passada a eleição presidencial o DEM abrirá discussões internas a respeito do destino do partido, notadamente no que tange à sua direção. A aposta "jovem" de entregar a legenda nas mãos dos herdeiros de maduros líderes, não deu certo.
Os experientes preferem esperar o resultado da eleição porque a correlação interna de forças se altera dependendo do presidente eleito.
Troféu. A piada entre tucanos é que Aécio Neves adorou a multa que recebeu por propaganda antecipada em favor do candidato do partido: só assim pode apresentar prova material do engajamento pró-Serra.
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