A pesquisa de intenção de voto do Datafolha indicou que José Serra conseguiu reduzir para 8 pontos a vantagem de 15 com que Dilma Rousseff vencera o primeiro turno. Foi o suficiente para disseminar o pânico nas hostes petistas. O que é compreensível, considerando que desde o mais anônimo militante até o chefão Lula, todos os apoiadores da candidata oficial davam a fatura eleitoral como liquidada e alardeavam que 3 de outubro representaria apenas a formalidade de homologação de uma retumbante vitória.
Os efeitos dessa reversão de expectativa se tornaram evidentes já no primeiro debate do segundo turno, promovido pela Rede Bandeirantes. Logo em sua primeira intervenção Dilma partiu para o ataque aberto, violento, acusando Serra, sua esposa e os tucanos de modo geral de serem os responsáveis pela campanha caluniosa movida contra ela na internet. Colocou-se assim a escolhida de Lula na posição em que ele próprio, o chefe, sempre soube se instalar com muita competência, nos momentos de aperto: a da pobre vítima que jamais ataca, como é próprio dos malvados - nada disso, apenas exerce o direito de legítima defesa. Com a vantagem adicional de demonstrar que é uma mulher capaz de assumir atitudes firmes, corajosas.
Quanto a essa questão da "firmeza", que quando fora de controle, como a própria Dilma demonstrou na ocasião, descamba para a rispidez, o debate não revelou nada de novo. Dilma Rousseff sempre foi conhecida como pessoa rude e de difícil trato, especialmente com subordinados. Se a resposta não fosse evidente, seria até o caso de perguntar: se é para voltar a ser como sempre foi, por que então mudou durante o primeiro turno, fazendo o gênero "paz e amor"?
Já no que se refere às baixarias que rolam na internet, a ex-favorita absoluta à sucessão presidencial tem todo o direito de reclamar, mas é preciso colocar essa questão nos devidos termos. Em primeiro lugar, o óbvio: ataques caluniosos são desferidos de todos os lados e contra todos os candidatos e obedecem à tendência natural de se tornarem mais pesados com a polarização da campanha eleitoral.
Embora em alguma medida essas baixarias possam ser manipuladas, quando não inspiradas, pelo comando das campanhas - nesse assunto certamente não se pode colocar a mão no fogo por ninguém -, é claro que a maior parte desse comportamento condenável corre por conta de uma militância incontrolável composta por indivíduos ou grupos que usam a enorme sensação de poder que lhes confere a web para fazer a catarse de suas frustrações. É o tributo que se paga às inconsistências da democracia que ainda persistem no País. Além disso, Dilma conhece o PT há tempo suficiente para saber que o ataque como melhor defesa, e sem nenhum escrúpulo, sempre foi a tática preferencial, uma autêntica marca registrada de seu atual partido - em períodos eleitorais ou fora deles.
Ademais, ainda, é risível a tentativa da candidata petista de incluir no balaio das calúnias de que se diz vítima fatos de domínio público sobre os quais não paira a menor dúvida, como o amplo noticiário sobre o tráfico de influência que a família de sua protegida Erenice Guerra promoveu a partir do Palácio do Planalto, ou sobre seu constrangido vaivém na questão do aborto.
O desempenho de Dilma Rousseff no primeiro debate do segundo turno e nos dias subsequentes deixa clara a guinada tática na campanha petista: Dilminha-paz-e-amor virou a vítima indignada de boatos, calúnias e difamação. Indignada, mas não "agressiva". Apenas "firme". Na segunda-feira, na cidade-satélite de Ceilândia, Lula e sua candidata inauguraram o primeiro palanque do segundo turno e a "nova" Dilma mostrou ter assimilado as novas instruções: "Meu adversário faz uma campanha baseada no ódio, na boataria, na calúnia, na mentira e na falsidade. Ele não acusa de frente, olho no olho, não faz a disputa justa, leal e verdadeira."
Já o chefão não perdeu a oportunidade para mais uma demonstração de suas inexcedíveis soberba e megalomania: "Eu poderia ter escolhido um deputado, um senador, um governador. Por que a Dilma? (...) A Dilma vai começar a redenção das mulheres no Brasil e no mundo (sic)."
Os efeitos dessa reversão de expectativa se tornaram evidentes já no primeiro debate do segundo turno, promovido pela Rede Bandeirantes. Logo em sua primeira intervenção Dilma partiu para o ataque aberto, violento, acusando Serra, sua esposa e os tucanos de modo geral de serem os responsáveis pela campanha caluniosa movida contra ela na internet. Colocou-se assim a escolhida de Lula na posição em que ele próprio, o chefe, sempre soube se instalar com muita competência, nos momentos de aperto: a da pobre vítima que jamais ataca, como é próprio dos malvados - nada disso, apenas exerce o direito de legítima defesa. Com a vantagem adicional de demonstrar que é uma mulher capaz de assumir atitudes firmes, corajosas.
Quanto a essa questão da "firmeza", que quando fora de controle, como a própria Dilma demonstrou na ocasião, descamba para a rispidez, o debate não revelou nada de novo. Dilma Rousseff sempre foi conhecida como pessoa rude e de difícil trato, especialmente com subordinados. Se a resposta não fosse evidente, seria até o caso de perguntar: se é para voltar a ser como sempre foi, por que então mudou durante o primeiro turno, fazendo o gênero "paz e amor"?
Já no que se refere às baixarias que rolam na internet, a ex-favorita absoluta à sucessão presidencial tem todo o direito de reclamar, mas é preciso colocar essa questão nos devidos termos. Em primeiro lugar, o óbvio: ataques caluniosos são desferidos de todos os lados e contra todos os candidatos e obedecem à tendência natural de se tornarem mais pesados com a polarização da campanha eleitoral.
Embora em alguma medida essas baixarias possam ser manipuladas, quando não inspiradas, pelo comando das campanhas - nesse assunto certamente não se pode colocar a mão no fogo por ninguém -, é claro que a maior parte desse comportamento condenável corre por conta de uma militância incontrolável composta por indivíduos ou grupos que usam a enorme sensação de poder que lhes confere a web para fazer a catarse de suas frustrações. É o tributo que se paga às inconsistências da democracia que ainda persistem no País. Além disso, Dilma conhece o PT há tempo suficiente para saber que o ataque como melhor defesa, e sem nenhum escrúpulo, sempre foi a tática preferencial, uma autêntica marca registrada de seu atual partido - em períodos eleitorais ou fora deles.
Ademais, ainda, é risível a tentativa da candidata petista de incluir no balaio das calúnias de que se diz vítima fatos de domínio público sobre os quais não paira a menor dúvida, como o amplo noticiário sobre o tráfico de influência que a família de sua protegida Erenice Guerra promoveu a partir do Palácio do Planalto, ou sobre seu constrangido vaivém na questão do aborto.
O desempenho de Dilma Rousseff no primeiro debate do segundo turno e nos dias subsequentes deixa clara a guinada tática na campanha petista: Dilminha-paz-e-amor virou a vítima indignada de boatos, calúnias e difamação. Indignada, mas não "agressiva". Apenas "firme". Na segunda-feira, na cidade-satélite de Ceilândia, Lula e sua candidata inauguraram o primeiro palanque do segundo turno e a "nova" Dilma mostrou ter assimilado as novas instruções: "Meu adversário faz uma campanha baseada no ódio, na boataria, na calúnia, na mentira e na falsidade. Ele não acusa de frente, olho no olho, não faz a disputa justa, leal e verdadeira."
Já o chefão não perdeu a oportunidade para mais uma demonstração de suas inexcedíveis soberba e megalomania: "Eu poderia ter escolhido um deputado, um senador, um governador. Por que a Dilma? (...) A Dilma vai começar a redenção das mulheres no Brasil e no mundo (sic)."
Agora é a vez de o eleitor escolher.
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