Praticamente metade da produção de petróleo na Líbia foi suspensa ontem diante do agravamento dos conflitos no país. Até agora, nove petrolíferas, entre elas Shell, BP, a italiana Eni, a francesa Total e a espanhola Repsol, interromperam suas operações. Com a crise, o barril do petróleo em Londres ultrapassou os US$ 111, com alta de 5,6%, Em Nova York, subiu 2,8%, atingindo o maior patamar desde setembro de 2008, quando estourou a crise financeira mundial. A alta do petróleo provocou forte valorização das ações da Petrobras, de até 4,66%. O papel foi muito procurado por investidores estrangeiros, inclusive da China.
Líbia: produção para e petróleo sobe
Metade da extração estaria suspensa no país e barril tem novo dia de forte alta, para US$111,73
LONDRES, NOVA YORK e DUBAI - A notícia, divulgada pelo site do jornal britânico "Financial Times", de que metade da produção de petróleo na Líbia, de cerca de 1,6 milhão de barris diários, já estaria paralisada fez com que os preços do produto voltassem a subir com força ontem. O barril do Brent, referência internacional, ultrapassou os US$111, enquanto o do tipo leve americano chegou a ser negociado a US$100, recuando um pouco depois. Em ambos os casos, os preços estão no maior patamar desde antes do agravamento da crise financeira global, com a quebra do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008, e cada vez mais próximos do recorde histórico de US$147, em julho daquele ano.
Em Londres, o Brent avançou 5,6%, para US$111,73. Já em Nova York a alta foi de 2,8%, para US$98,10. Segundo a Bloomberg News, a cotação do leve americano recuou depois de fontes afirmarem que a Arábia Saudita não esperaria a reunião de emergência da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para elevar sua produção.
E há quem espere mais. A corretora Nomura Holdings afirmou ontem em nota que os preços do barril podem chegar a US$220 se, além da Líbia, a produção parar na Argélia. O maior temor é que os protestos cheguem à Arábia Saudita e retomem no Irã.
- Os preços do petróleo não cairão tão cedo - disse à Reuters Shelley Goldberg, estrategista de commodities da Roubini Global Economics. - Não se trata apenas da Líbia, mas do temor de que esses movimentos se espalhem por todo o Oriente Médio e Norte da África. Estamos provavelmente em um nível intermediário das revoltas, com mais pela frente.
Operações afetadas em 9 petrolíferas
Até agora, nove petrolíferas - BP, Eni, Total, Repsol, Royal Dutch Shell, Statoil, RWE, OMV e Wintershall - suspenderam total ou parcialmente suas operações na Líbia e estão tirando seus funcionários no país. A italiana Eni fechou o gasoduto que abastece a Itália, mas assegurou que tem estoque para atender à demanda.
Já a austríaca OMV viu suas ações desabarem até 7,8% depois de anunciar a paralisação de suas atividades na Líbia, onde obtém 10% de sua produção total. A empresa não tem como compensar essa perda na produção.
O "Financial Times" citou nota da consultoria JBC Energy, segundo a qual o mundo "começa a entrar em um verdadeiro choque do petróleo". Já Amrita Sen, analista de energia do Barclays Capital, disse que a gravidade vai além da perda de barris. "A desestabilização no mundo árabe, onde estão as maiores reservas e produção de petróleo e gás do planeta, é de extrema importância".
Os rebeldes que tentam derrubar o governo de Muamar Kadafi têm consciência da importância da indústria petrolífera para o país. Um dos principais ativistas da cidade de Benghazi, que não se identificou por questões de segurança, disse à agência Dow Jones que os rebeldes que assumiram o controle de regiões produtoras não querem atrapalhar a exploração.
- As operações de petróleo e gás devem continuar como estão. Não faremos nada contra as empresas estrangeiras porque elas estão ajudando a Líbia e fazendo seu trabalho.
Segundo a Dow Jones, citando fontes locais, petrolíferas no Leste da Líbia, como Arabian Gulf Oil Company e Marsa Al Brega Refinery, estão sob o controle de rebeldes pró-democracia. Riad Kahwaji, fundador do think tank Inegma, disse à agência que os líderes tribais não vão depredar as instalações porque sabem que o petróleo é sua maior fonte de renda.
A turbulência na Líbia continuou pesando sobre as bolsas internacionais. Tóquio recuou 0,80%. Londres fechou em queda de 1,22%, enquanto Frankfurt e Paris caíram 1,69% e 0,92%. Em Nova York, o índice Dow Jones recuou 0,88% e a Nasdaq, 1,21%.
FONTE : O GLOBO
Líbia: produção para e petróleo sobe
Metade da extração estaria suspensa no país e barril tem novo dia de forte alta, para US$111,73
LONDRES, NOVA YORK e DUBAI - A notícia, divulgada pelo site do jornal britânico "Financial Times", de que metade da produção de petróleo na Líbia, de cerca de 1,6 milhão de barris diários, já estaria paralisada fez com que os preços do produto voltassem a subir com força ontem. O barril do Brent, referência internacional, ultrapassou os US$111, enquanto o do tipo leve americano chegou a ser negociado a US$100, recuando um pouco depois. Em ambos os casos, os preços estão no maior patamar desde antes do agravamento da crise financeira global, com a quebra do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008, e cada vez mais próximos do recorde histórico de US$147, em julho daquele ano.
Em Londres, o Brent avançou 5,6%, para US$111,73. Já em Nova York a alta foi de 2,8%, para US$98,10. Segundo a Bloomberg News, a cotação do leve americano recuou depois de fontes afirmarem que a Arábia Saudita não esperaria a reunião de emergência da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para elevar sua produção.
E há quem espere mais. A corretora Nomura Holdings afirmou ontem em nota que os preços do barril podem chegar a US$220 se, além da Líbia, a produção parar na Argélia. O maior temor é que os protestos cheguem à Arábia Saudita e retomem no Irã.
- Os preços do petróleo não cairão tão cedo - disse à Reuters Shelley Goldberg, estrategista de commodities da Roubini Global Economics. - Não se trata apenas da Líbia, mas do temor de que esses movimentos se espalhem por todo o Oriente Médio e Norte da África. Estamos provavelmente em um nível intermediário das revoltas, com mais pela frente.
Operações afetadas em 9 petrolíferas
Até agora, nove petrolíferas - BP, Eni, Total, Repsol, Royal Dutch Shell, Statoil, RWE, OMV e Wintershall - suspenderam total ou parcialmente suas operações na Líbia e estão tirando seus funcionários no país. A italiana Eni fechou o gasoduto que abastece a Itália, mas assegurou que tem estoque para atender à demanda.
Já a austríaca OMV viu suas ações desabarem até 7,8% depois de anunciar a paralisação de suas atividades na Líbia, onde obtém 10% de sua produção total. A empresa não tem como compensar essa perda na produção.
O "Financial Times" citou nota da consultoria JBC Energy, segundo a qual o mundo "começa a entrar em um verdadeiro choque do petróleo". Já Amrita Sen, analista de energia do Barclays Capital, disse que a gravidade vai além da perda de barris. "A desestabilização no mundo árabe, onde estão as maiores reservas e produção de petróleo e gás do planeta, é de extrema importância".
Os rebeldes que tentam derrubar o governo de Muamar Kadafi têm consciência da importância da indústria petrolífera para o país. Um dos principais ativistas da cidade de Benghazi, que não se identificou por questões de segurança, disse à agência Dow Jones que os rebeldes que assumiram o controle de regiões produtoras não querem atrapalhar a exploração.
- As operações de petróleo e gás devem continuar como estão. Não faremos nada contra as empresas estrangeiras porque elas estão ajudando a Líbia e fazendo seu trabalho.
Segundo a Dow Jones, citando fontes locais, petrolíferas no Leste da Líbia, como Arabian Gulf Oil Company e Marsa Al Brega Refinery, estão sob o controle de rebeldes pró-democracia. Riad Kahwaji, fundador do think tank Inegma, disse à agência que os líderes tribais não vão depredar as instalações porque sabem que o petróleo é sua maior fonte de renda.
A turbulência na Líbia continuou pesando sobre as bolsas internacionais. Tóquio recuou 0,80%. Londres fechou em queda de 1,22%, enquanto Frankfurt e Paris caíram 1,69% e 0,92%. Em Nova York, o índice Dow Jones recuou 0,88% e a Nasdaq, 1,21%.
FONTE : O GLOBO
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