• Nas redes sociais, ex-presidente critica promotores e delações
Tiago Dantas - O Globo
-SÃO PAULO- Em suas redes sociais, por meio do Instituto Lula, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou novamente, ontem, a Operação Lava-Jato. O petista afirmou que a última denúncia da força-tarefa, de que a Odebrecht teria comprado dois imóveis para ele, mostra o “grau de loucura que a Lava-Jato chegou na sua perseguição contra o ex-presidente”. O texto critica promotores, por atribuírem a Lula bens que não seriam dele, e o juiz Sérgio Moro, por aceitar uma “denúncia absurda”. Lula ainda se opõe a delações premiadas que “tiraram da cadeia pessoas que receberam milhões de reais em desvios da Petrobras”.
Na segunda-feira, Moro aceitou mais uma denúncia contra o ex-presidente e transformou Lula em réu de uma ação penal pela 5ª vez. O Ministério Público Federal acusa a Odebrecht de comprar um prédio para a instalação do Instituto Lula em São Paulo e um apartamento vizinho ao utilizado pelo petista em São Bernardo do Campo. O edifício nunca foi usado por Lula e não recebeu o instituto. Já o apartamento, segundo o ex-presidente, é alugado. Ele está registrado no nome de Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do petista
Na nota publicada no Facebook, o instituto diz que a “Lava-Jato abriu um processo contra Lula por ele não ter recebido um terreno, que segundo a operação, seria destinado ao Instituto Lula. A Lava-Jato reconhece, porque é impossível não reconhecer, que o terreno não é nem nunca foi do Instituto Lula ou de Lula. É o grau de loucura que a Lava-Jato chegou na sua perseguição contra o ex-presidente”.
O ex-presidente relembra o gráfico apresentado pelo procurador Deltan Dallagnol, em setembro, em que o nome de Lula estava no centro, cercado por setas e palavras como “petrolão”, “propinocracia”, “perpetuação criminosa no poder” e “enriquecimento ilícito”. Os advogados de Lula pedem uma indenização de R$ 1 milhão por causa dessa apresentação. “Ao invés de investigar e apresentar denúncias sobre delitos reais, (...), persegue delitos que só existem na imaginação de PowerPoint de alguns promotores.”
A nota usa um argumento que vem sendo repetido por Lula e seus advogados, de que a operação quer impedir que ele seja candidato a presidente: “O juiz Sérgio Moro aceita uma denúncia absurda dessas em poucos dias, porque o importante é gerar manchete de jornal e impedir Lula de ser candidato em 2018”. O título da nota faz referência a duas obras: “Lava-Jato supera Kafka e Minority Report: acusa Lula por não receber terreno”. Em 1925, o escritor checo Franz Kafka lançou “O Processo”, romance que conta a história de Josef K., que descobre que é réu num processo longo e burocrático por um crime não especificado. Já “Minority Report” é o nome de um filme de 2002 de Steven Spielberg, baseado num conto de Philip K. Dick. Segundo a obra, a polícia tem uma divisão de paranormais capaz de prever crimes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário