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Quem se habilita a dar abrigo a um presidente e aos seus filhos?
Onde já se viu um presidente da República recém-eleito brigar com o partido pelo qual se elegeu e não encontrar abrigo em nenhum outro de médio ou de grande porte?
Onde? Aqui, no país que o compositor Tom Jobim disse que não é para principiantes. Exagero ou apenas uma tirada espirituosa do autor de “Garota de Ipanema”?
Não é o que parece.
Depois de filiar-se e desfiliar-se de oito partidos em 28 anos como deputado federal, o ex-capitão Jair Bolsonaro, afastado do Exército por conduta antiética, ingressou no PSL em janeiro de 2018.
Havia rejeitado o convite de outros partidos nanicos porque eles não cederam a todas às suas exigências de mando. Alguns até se dispuseram a mudar de nome, mas isso não bastava.
Fez um bom negócio com Luciano Bivar, à época ex-deputado federal e antes candidato derrotado a presidente da República. Bivar cedeu-lhe o PSL sem impor maiores restrições.
O PSL era um partido de um único deputado federal. Bolsonaro crescia nas pesquisas de intenção de voto. E Bivar queria pegar carona na sua candidatura para voltar à Câmara.
O acerto de conveniência dos dois superou as expectativas de Bivar. O PSL elegeu 54 deputados. Mais tarde perderia um – Alexandre Frota (SP), que se mudou para o PSDB. Não faria falta.
Mas Bolsonaro precisava de um partido para chamar de seu, um partido disposto a curvar-se às suas ordens, e que contasse com muita grana para ele gastar ao seu gosto nos próximos anos.
Aí Bivar disse não. Chega! Bolsonaro jamais imaginou que isso poderia acontecer. E que se acontecesse, ele se tornasse alvo dos mais duros ataques de sua trajetória política.
Atenção! Que partido quer Bolsonaro e seus filhos para chamá-los de seus?
Esse é o nó da questão. Rejeitado até que o PSL finalmente o aceitou, Bolsonaro está sendo rejeitado mais uma vez, e logo às vésperas das eleições municipais que empolgarão o país em 2020.
A lógica indica que ele acabará sendo acolhido por alguma sigla de aluguel, mas e o dinheiro? A grana? A gaita? O tutu? O vil metal? O dindin? O cascaio? Os caraminguás? Os borós? A bufunfa?
Isso é o que importa e sempre importou para Bolsonaro e qualquer político que não quer despregar do poder. E que para ser forte e aumentar o número de aliados não pode passar sem a erva.
Se não gastou do próprio bolso para se eleger, nem por isso saiu de graça a eleição de Bolsonaro no ano passado. Muitos gastaram por ele e, um dia, essa história será mais bem contada.
Está chegando a hora de ele gastar pelos outros – daí sua caça ao tesouro do PSL ou a outro tesouro tão gordo quanto. Ocorre que a companhia dos Bolsonaros é certeza de encrenca. Ou não é? Daí…
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