Ainda
nem temos vacinas aprovadas e liberadas, e STF e STJ já estavam prontos para
furar a fila da imunização
No
Brasil, existem cidadãos comuns, como você, leitor, e eu. E existem castas,
como o Judiciário, sustentadas com o dinheiro dos nossos impostos e adubadas
com privilégios e mordomias que ofendem o simples bom senso. Ainda nem temos
vacinas aprovadas e liberadas e suas excelências do STF e do STJ já estavam
prontas para furar a fila da imunização. As duas mais altas cortes enviaram os
pedidos à Fundação
Oswaldo Cruz, que os rechaçou.
Num momento de emergência sanitária e com autoridades incompetentes no comando da saúde dos brasileiros, as maiores instâncias do Judiciário deveriam ser as primeiras a dar o bom exemplo e aguardar sua vez na escala de prioridades, a ser definida de acordo com critérios científicos e levando-se em conta a vulnerabilidade de grupos mais expostos ao vírus. Mas as cúpulas do Judiciário preferiram se orientar pelo adágio mesquinho: farinha pouca, meu pirão primeiro. O que me lembra também o salve-se quem puder da primeira classe no convés do Titanic.
O STF pediu
uma reserva de 7.000 doses para ministros e servidores do tribunal e do
Conselho Nacional de Justiça. O STJ disse que enviou um “protocolo
comercial”, que se refere à “intenção de compra” das doses para imunizar
magistrados, servidores e seus dependentes. Sim, você leu direito. O STJ alegou
que pretendia comprar as vacinas que, até onde se sabe, serão distribuídas
gratuitamente pelo Plano Nacional de Imunização (vai saber quando). Seria um
auxílio-vacina?
Não
fosse a revelação pela imprensa e a negativa contundente da Fiocruz,
talvez outras categorias já estivessem a reivindicar tratamento “isonômico”. A
mentalidade da aristocracia do setor público brasileiro opera uma rota de
colisão com qualquer projeto de sociedade menos desigual e mais justa. Regalias
de toda sorte para uma elite “diferenciada” transformam em uma quimera o ideal
de cidadania já alcançado por outros países. Data vênia, excelências, que
vergonha!
Nenhum comentário:
Postar um comentário