O Globo
Senadores se revezaram para atacar ministra,
que se irritou e abandonou a sessão
Seis dias depois de implodir as regras de
licenciamento ambiental, o Senado armou nesta terça uma arapuca para desgastar
a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Convidada a falar na Comissão de
Infraestrutura, ela foi submetida a uma série de provocações e hostilidades até
perder a paciência e se retirar da sessão.
O cerco foi incentivado pelo presidente do colegiado, senador Marcos Rogério (PL-RO). Em diversos momentos, ele silenciou o microfone da ministra, impedindo-a de se defender.
Marina foi chamada a falar sobre unidades de
conservação marinha na Margem Equatorial, região que engloba a chamada Foz do
Amazonas.
A maioria dos senadores preferiu ignorar o
tema para atacar a ministra e fazer lobby pela autorização de obras como o
asfaltamento da BR-319, sob análise no Ibama.
"A senhora atrapalha o desenvolvimento
do país", disparou o senador Omar Aziz (PSD-AM), que integra a bancada
governista.
Antes, de dedo em riste, ele disse que os
amazonenses querem "passear" na BR-319. "E não é a senhora que
não vai permitir", desafiou.
Marcos Rogério ironizou as queixas de Marina,
que cobrava tempo para responder às provocações. Os dois bateram boca, e o
senador mandou a ministra "se pôr em seu lugar".
"Essa é a educação da ministra Marina
Silva, ela aponta o dedo....", provocou Rogério. "Você gostaria que
eu fosse uma mulher submissa, e eu não sou", respondeu Marina.
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) protestou
contra o tom usado pelo presidente da comissão, que disse que Marina teria ido
ao Senado "para tumultuar".
O líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA),
passou pela comissão, mas não saiu em defesa da ministra. Só o líder do PT,
Rogério Carvalho (SE), rebateu as hostilidades contra a aliada.
O caldo entornou de vez quando chegou a vez
de Plínio Valério (PSDB-AM) falar. O senador, que já havia manifestado a
vontade de "enforcar" Marina, começou com um ataque:
"A mulher merece respeito. A ministra,
não".
Irritada, Marina respondeu que só
permaneceria na sessão se houvesse um pedido de desculpas. Como o tucano se
recusou a recuar, a ministra se levantou e foi embora.
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