Já o grande intelectual alemão Max Weber vai
em direção contrária afirmando “o trabalho dignifica o homem” não só por gerar
renda e garantir a sua sobrevivência, mas por proporcionar a oportunidade de
estabelecimento de relações interpessoais e ser parte da realização pessoal.
Em TEMPOS MODERNOS, o genial cineasta e ator
Charlie Chaplin constrói uma contundente crítica ao processo produtivo
capitalista, numa linha de produção FORDISTA, onde o trabalhador mergulhava
horas a fio em tarefas repetitivas, enfadonhas e parciais, com total alienação
do operário em relação ao produto de seu trabalho. Não foi à toa que foram
substituídos facilmente, no mundo contemporâneo, por máquinas e robôs.
Já o pensador italiano Domenico De Masi lançou
em 1975 o livro O ÓCIO CRIATIVO, que teve grande repercussão global, mostrando
que era preciso se libertar da ideia tradicional de trabalho e combiná-lo com
tempo livre dedicado ao estudo, prazer, arte, esporte. Na tela inicial de seu
computador flutuava uma frase “O homem que trabalha perde tempo precioso”.
Leon Trotsky, teórico e um dos líderes da
Revolução Russa, em seu Literatura e Revolução, adiantou traços que vislumbrava
na vida da futura sociedade socialista avançada e da utopia que imaginava para
o ser humano, libertado do excesso de trabalho pelos avanços da tecnologia e
tendo mais tempo para a família, as artes, os esportes, os estudos e o lazer,
escreveu “O homem se tornará imensamente mais forte, mais sábio e mais sutil;
seu corpo se tornará mais harmônico, seus movimentos serão mais ritmados, sua voz
mais musical...O tipo humano médio ascenderá às altitudes de um Aristóteles, um
Goethe, ou um Marx. E acima desse nível novos cumes surgirão”.
Como se vê a forma de se encarar o trabalho
humano, suas virtudes e pecados, provoca profunda discussão. Digo isso para
preparar a discussão que pretendo fazer no próximo artigo da PEC de autoria da
deputada federal Erika Hilton que propõe mudar a jornada de trabalho da escala
de 6x1 com 44 horas semanais para o regime 4x3 reduzindo as horas trabalhadas
por semana para 36 horas.
O homem que trabalha perde um tempo precioso, como pensou Domenico Massi, ou o trabalho dignifica o homem, como afirmou Max Weber? Quais as consequências, problemas e conquistas, no Brasil, se decidirmos reduzir a jornada de trabalho semanal para 36 horas? Volto ao tema na próxima semana.
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