Folha de S. Paulo
Tarcísio se arrisca a perder apoio da
população ameaçada pela brutalidade policial
De quantos casos
"isolados" o governador Tarcísio de
Freitas vai precisar para se render à evidência de que há uma
crise na administração da segurança pública em São Paulo?
Quantos abusos "pontuais" serão necessários para ele aceitar que a
brutalidade por parte de agentes do Estado é inaceitável?
Talvez essa tomada de consciência ocorra quando, e se, a sociedade perceber que qualquer um do povo pode ser vítima da violência desmedida de policiais pagos para protegê-la, e disso decorra uma queda na avaliação positiva de seu governo.
O cálculo por ora parece se basear na
preferência da maioria pela linha dura, mesmo ao preço de exorbitâncias. Por
mais distorcido que seja, esse tipo de visão pode até valer para o embate com
criminosos, mas pode mudar à medida que se acumulem episódios de agressões
injustificadas e a população se sinta ameaçada por elas.
Um homem atirado
de uma ponte feito saco de lixo, outro fuzilado
pelas costas, um estudante
desarmado morto à queima-roupa, mata-leões a
torto e a direito ou a presença
intimidatória de tropas no enterro de uma criança de quatro
anos abatida numa operação não são cenas que se coadunem com a dita polícia
"mais bem treinada do país".
O governador alude aos "números",
segundo ele indicadores de eficiência. Mas e as pessoas que porventura
manifestem temor de ficar à mercê dos abusos? Diria a elas que não está
"nem aí", as mandaria ao "raio que o parta",
como fez em relação a críticas de organizações defensoras dos direitos humanos?
Ao agente da lei não é facultado perder a
cabeça em situação alguma. A alegação de que ações individuais não podem
desabonar a corporação tampouco justifica nem ameniza a situação. A correção de
procedimentos é dever do conjunto.
Um militar
afastado da Rota por conduta excessiva no comando da Secretaria
da Segurança Pública não passa aos comandados exatamente mensagem de contenção.
E ainda desqualifica o governador como atrativo político para os moderados. No
lugar de marcado pelo combate ao crime, Tarcísio pode sair manchado pelo
estímulo à força bruta.
3 comentários:
Verdade,a população,em geral,pode passar a temer a violência policial.
Como mãe de um jovem autista com algumas estereotipias, tenho muito medo de policiais despreparados e violentos.
CENÁRIOS HORROROSOS
1) ... agora imagina o tarcísio presidente nomeando o derrite ministro da justiça e segurança pública ...
2) se o tarcísio for voltar atrás em cada um dos erros que cometeu, vai ser preciso reelegê-lo governador de sp para que ele tenha o tempo necessário para a tarefa.
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