Em entrevista à rádio Jovem Pan, Bolsonaro contradiz promessa de campanha e afirma que possibilidade depende da saúde
Gustavo Schmitt / O Globo
SÃO PAULO - O presidente Jair Bolsonaro admitiu ontem a possibilidade de se candidatar à reeleição, em 2022. Bolsonaro, no entanto, condicionou uma eventual candidatura à aprovação de uma reforma política, sem dar detalhes. E ponderou também que apenas será candidato se seu estado de saúde mantiver o quadro de evolução.
O presidente passou por uma cirurgia de reconstrução do trânsito intestinal após ser esfaqueado, em setembro, durante um ato de campanha.
— A pressão está muito grande para que, se eu estiver bem, que me candidate à reeleição — disse o presidente, em entrevista à rádio Jovem Pan, no Palácio do Planalto.
No ano passado, durante a campanha, Bolsonaro havia dito que iria propor o fim da reeleição caso eleito. Em 20 de outubro, ainda como candidato ao Planalto pelo PSL, chegou a dizer que tentaria emplacar uma reforma política. Nela, seria extinta a possibilidade de reeleição, além de reduzida em até 20% a quantidade de parlamentares no Congresso.
Ontem na entrevista para a Jovem Pan, o presidente prometeu que, se optar por ser candidato, fará diferente de outros políticos brasileiros. Segundo Bolsonaro, a reeleição é uma espécie de “desgraça” que só se torna possível por meio de “acordos espúrios que levam a escândalos de corrupção”. Ao fazer essa menção, o presidente disse estar se referindo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva:
— Não quero jogar dominó com ninguém em Curitiba — provocou Bolsonaro, numa referência a sede da Polícia Federal, onde Lula cumpre pena de 12 anos e um mês de prisão após a condenação no caso do tríplex do Guarujá.
Bolsonaro reconheceu que a proposta de seu governo de reforma da Previdência é impopular, e afirmou que não teme que o projeto cause qualquer empecilho a uma eventual candidatura:
—Se eu pensasse em reeleição faria uma reforma light, ou não faria. Mas (sua eventual candidatura) pode não sobreviver em 2022.
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