Correio Braziliense
A reeleição de Pacheco é vital para a
governabilidade do presidente Lula, porque é um aliado leal, com poder de
engavetar qualquer proposta que possa desestabilizar o governo
Na contabilidade dos candidatos, o Senado
teria mais de 81 parlamentares. A conta não fecha porque tanto o presidente da
Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que concorre à reeleição, quanto o seu
desafiante, o senador recém-eleito Rogério Marinho (PL-RN), estão contando com
promessas que podem não se realizar, em razão da votação secreta. Até agora,
certo mesmo, na eleição para a Presidência do Congresso, Pacheco contaria com o
apoio de 39 senadores; Marinho tem 26 votos confirmados, mas diz que está
recebendo muito apoio e vai surpreender. Os votos restantes estão realmente na
faixa de risco, pois são de parlamentares que mantêm sigilo sobre o voto ou
prometeram apoio a ambos os candidatos.
Para ser eleito, o presidente do Senado precisa de 41 votos, ou seja, metade mais um do total. A recondução de Pacheco é vital para a governabilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porque é um aliado leal, com o poder de engavetar qualquer proposta que possa desestabilizar o governo. A Casa tem o poder de bloquear nomeações para os tribunais superiores, sobretudo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que deve abrir duas vagas ainda neste ano, com as aposentadorias compulsórias da presidente da Corte, ministra Rosa Weber, e do ministro Ricardo Lewandowski. Embaixadores, diretores de autarquias e o procurador-geral da República, entre outras autoridades, dependem do aval do Senado.
Seis partidos declararam apoio a Pacheco,
cujas bancadas representam 42 senadores, mas nem todos os parlamentares devem
cumprir os acordos feitos por suas legendas. A bancada do PSD, com 15
senadores, já tem três dissidentes que declararam apoio Marinho: Nelsinho Trad
(PSD-MS), muito influente na Casa; Samuel Araújo (PSD-RO) e Lucas Barreto
(PSD-AP). Os demais partidos que apoiam Pacheco são MDB (10 senadores), PT (9),
PDT (3) senadores; PSB (4); e Rede(1).
Rogério Marinho cresceu na disputa em razão
de dois motivos, principalmente. Primeiro, o fato de que a reeleição de Pacheco
abre caminho para a volta do senador Davi Alcolumbre (União Brasil -AP) ao
comando da Casa em 2025. O ex-presidente do Senado foi o principal artífice da
eleição de Pacheco, que agora não tem como não retribuir o gesto sem trair o
aliado, embora diga que esse assunto nunca foi tratado nem existe esse
compromisso. O problema é que ninguém acredita.
Câmara
O segundo fator é o mal-estar existente em
parcela do Senado em relação ao Supremo, cuja atuação é considerada abusiva por
muitos senadores, principalmente a do ministro Alexandre de Moraes, presidente
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e responsável pelo inquérito das fake
news. Há um claro propósito dos aliados de Bolsonaro, que agora contam com o
reforço do ex-vice-presidente Hamilton Mourão (RS), da ex-ministra dos Direitos
Humanos Damares Alves (DF) e do ex-ministro da Justiça Sergio Moro (PR), de
constranger o Supremo e pedir o impeachment de Moraes.
Ontem, o líder do PSDB, senador Izalci
Lucas (DF), anunciou apoio dos três senadores da legenda a Rogério Marinho, que
é um ex-deputado do PSDB e tem no currículo o sucesso das negociações para
aprovação da reforma trabalhista, durante o governo Michel Temer.
Além do PSDB, Marinho conta com o apoio do
PL (13 senadores), PP (6) e Republicanos (4). O União Brasil liberou a bancada.
Alcolumbre garante que Pacheco tem a maior parte dos votos do partido. O
senador eleito Alan Rick (AC), do União, já declarou publicamente que votará em
Marinho. O Podemos, com quatro senadores, tem um candidato isolado: Eduardo
Girão (CE), que está sendo pressionado a desistir da disputa.
Na Câmara, a situação é completamente
diferente. O deputado Arthur Lira (PP-AL), candidato à reeleição, tem apoio de
20 partidos, do PL de Bolsonaro ao PT do presidente Lula, com quem pretende
manter uma relação “tranquila”. Lira apoiou a reeleição de Bolsonaro, mas pulou
na frente na hora de reconhecer a vitória do petista, operando um giro na
política de alianças do PP, o partido hegemônico no Centrão. Segundo disse
ontem, suas críticas do passado “nunca” foram pessoais.
A força de Lira na Câmara não tem
precedentes, sendo prevista a maior votação da história da Casa desde a
redemocratização: cerca de 450 votos dos 513 totais ou mais, maior até que a
eleição de Ibsen Pinheiro (MDB-RS), em 1995, e João Paulo Cunha (PT-SP), em
2003. Seus únicos adversários são Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Chico Alencar
(PSol-RJ), que volta à Câmara em grande estilo. “Quanto maior a votação de
Lira, maior será a dificuldade de Lula na Presidência”, prevê Alencar, que
conta com o apoio do PSol (12) e da Rede (2), mas imagina que pode receber os
votos dos descontentes com o acórdão dos demais partidos com Lira. Hattem conta
com 3 votos do Novo e o apoio do ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos).
3 comentários:
Girão é o Pe. Kelmon do Marinho
Kelmon, o padre trambiqueiro! A política brasileira tem cada figura...
Padre de festa junina,rs.
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