Folha de S. Paulo
A partir de agora, qualquer gesto do governo
e da oposição será visto sob a ótica da disputa de 2026
Perdido o primeiro semestre com escaramuças
entre os três Poderes, avizinha-se a segunda metade do ano sem boas
perspectivas de que a situação se altere.
A campanha que oficialmente dura 45 dias a
partir do início da propaganda em rádio e televisão no ano eleitoral, desta vez
já está em andamento e só tende a ganhar velocidade daqui em diante.
Qualquer gesto vindo dos campos do governo ou da oposição —e até mesmo do Judiciário— será visto e julgado sob a ótica da disputa política.
Essa contaminação do ambiente dificulta
posicionamentos racionais acerca de assuntos tão importantes quanto as fraudes
do INSS, a
regulamentação das redes sociais, mudanças no Imposto de
Renda e o onipresente equilíbrio fiscal, entre outros.
Nenhuma das 25 prioridades apresentadas pelo
ministro da Fazenda no início deste ano legislativo foi apreciada no Congresso.
Outras mais recentes seguem empacadas, reféns do clima de conflito.
Não será às vésperas de 2026 que Fernando
Haddad (PT),
um potencial substituto do presidente Lula (PT) na corrida presidencial,
receberá ajuda de uma formação parlamentar majoritariamente adversária.
A CPMI para investigar o roubo nas
aposentadorias é um contrato prévio de embates de cunho eleitoral com reflexo
negativo naquilo que precisa ser esclarecido ao público e apresentado como
fato. A temperatura dos ânimos sinaliza troca de acusações e muita lacração de
internet.
O clima de conturbação certamente afetará a
tramitação da proposta de isenção de IR para quem ganha até R$ 5.000.
Ainda que o relatório do deputado Arthur Lira seja
apresentado até o fim deste mês, o debate ficará para o segundo semestre, com
prazo exíguo até setembro para aprovação. A oposição quer ser sócia da isenção,
mas dará trabalho na compensação de receita.
Situação muito complicada para um governo
desguarnecido em termos de aprovação popular e desprovido de base parlamentar,
agora em estado de franca dispersão e distanciamento do Planalto.
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