Valor Econômico
Entidade mantem projeção de desaceleração no
Brasil e considera que incerteza fiscal não ajuda o país
O Brasil está crescendo menos do que poderia
crescer, e a incerteza sobre o panorama fiscal não ajuda. A avaliação é de Jens
Arnold, economista responsável na Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Economico (OCDE) pelo acompanhamento da economia brasileira.
A OCDE publica hoje novo relatório sobre as Perspectivas para a Economia Mundial, no qual mantem a projeção de que o crescimento no Brasil vai desacelerar de 3,4% no ano passado para 2,1% neste ano e 1,6% em 2026. A moderação é amplamente resultado de baixa na demanda doméstica. O consumo das políticas é esperado desacelerar em decorrência do aumento da inflação e da menor confiança do consumidor.
Avalia que, após uma forte recuperação em
2024, é provável que o investimento privado sofra contração em 2025 e 2026,
como resultado da demanda externa mais fraca e do impacto das taxas de juros
mais altas.
Do lado da oferta, o setor manufatureiro
brasileiro está sendo afetado pelas tarifas dos Estados Unidos, que continua
sendo o principal destino das exportações brasileiras desses produtos.
Prevê inflação anual de 5,7% em 2025, antes
de cair ligeiramente para 5,0% em 2026. Isso ocorre porque a inflação
trimestral tenderá gradualmente para a meta, atingindo cerca de 4% no último
trimestre de 2026, embora ainda sejam possíveis ligeiros aumentos temporários
por causa de choques comerciais e tarifários.
As projeções incluem novos aumentos da taxa
de juros, com a taxa básica subindo para 15% no final de 2025, seguida de um
declínio gradual para 12% no final de 2026, à medida que as pressões
inflacionárias se enfraquecem.
A expectativa é de que uma postura fiscal
levemente expansionista continue em 2025, e uma proposta de reforma do imposto
de renda, que deverá ser neutra em termos de impostos, provavelmente não
proporcionará espaço fiscal adicional para lidar com as crescentes pressões de
gastos.
Avalia que o aumento dos gastos sociais deve
continuar, o que exacerbará a pressão sobre as finanças públicas.
Não há grandes diferenças entre as projeções
de expansão da economia brasileira feitas por grandes organizações
Internacionais. O FMI prevê taxa de 2% e o Banco Mundial de 1,8%. Mas tudo
parece ser mais questão de ‘timing’ nas estimativas.
O seguro, para Jens Arnold, é que o Brasil está crescendo menos do que poderia crescer. ‘Do lado das políticas para melhorar a produtividade, o Brasil fez um passo muito importante, a reforma tributária', diz ele. 'Essa reforma vai ter um impacto positivo sobre o crescimento nos anos a seguir. Mas do lado das políticas macroeconômicas, a incerteza sobre o panorama fiscal não ajuda’.
O economista da OCDE nota que o Brasil tem
definido um rumo para as contas fiscais no novo arcabouço, mas ainda falta
definir qual vai ser o caminho para chegar lá.
‘Uma reforma das despesas obrigatórias abriria espaço para o ajuste fiscal que o Brasil precisa, e melhoraria também a eficiência do gasto público’’, afirma Arnold. ‘Também reduziria a incerteza sobre o futuro das contas públicas, e com isso as expectativas de inflação, permitindo condições financeiras menos restritivas’.
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