terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Dilma avisa a Temer: PMDB não ganhará outros ministérios

Andrea Jubé e Guilherme Serodio

BRASÍLIA e RIO - A presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer reuniram-se ontem por quase três horas, em uma conversa pautada pela reforma ministerial, conflitos regionais entre PT e PMDB e a crise no Maranhão. O encontro vai ter desdobramentos em uma reunião amanhã, quando Temer - que é presidente licenciado do PMDB - reúne a cúpula do partido no Palácio do Jaburu para discutir os rumos da aliança com o PT.

Um dos temas da reunião foi o almoço de Temer com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e as principais lideranças do partido no Estado, onde os dois aliados travam o maior embate no âmbito da aliança nacional. O PMDB cobra o apoio dos petistas à candidatura do vice-governador Luiz Fernando Pezão à sucessão de Cabral, mas o PT vai lançar o senador Lindbergh Farias.

Além do Rio, PMDB e PT não vão marchar unidos na Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul e Ceará. O impasse nesses Estados também azedou a relação entre os dois aliados, com reflexos na aliança nacional. Os pemedebistas mais radicais cobram um espaço maior no primeiro escalão do governo. Do contrário, ameaçam votar contra a reedição da aliança na convenção nacional do partido, agendada para junho.

A crise nos presídios do Maranhão, onde os detentos de Pedrinhas mandaram incendiar ônibus e causaram a morte de inocentes, também impactou nas negociações. Dilma acenou com a possibilidade de decretar intervenção federal no Estado, governado por Roseana Sarney (PMDB). Mas Temer entrou em campo como bombeiro, pedindo cautela e lembrando o apoio da família Sarney nos dez anos de PT no Planalto.

Temer vai discutir os rumos da aliança com o PT amanhã com a cúpula partidária. O líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), antecipou o retorno de Paris para o almoço hoje com Cabral e a reunião no Jaburu. O líder no Senado, Eunício Oliveira (CE), retorna dos Estados Unidos para o compromisso. Também são aguardados os presidentes da Câmara, Henrique Alves (RN), do Senado, Renan Calheiros (AL), e o presidente interino do partido, Valdir Raupp (RO).

Raupp disse ontem que Dilma deve considerar o tamanho do PMDB e a capacidade administrativa do partido ao elaborar a reforma. Ele ressalvou que quem decide os nomes é a presidente, mas lembrou que o nome do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) já foi indicado pelo partido para ocupar a pasta da Integração Nacional.

Por sua vez, Cunha advertiu que a bancada federal não abre mão de comandar dois ministérios na Esplanada. Dos cinco ministérios ocupados pelo PMDB, dois têm deputados como titulares: Turismo e Agricultura. Ambos devem deixar os cargos na reforma ministerial, mas um indicado do PTB é cotado para assumir o Turismo.

Cunha apontou os nomes que têm o apoio da maioria dos deputados para assumir as pastas - ambas, ou uma delas: Sandro Mabel (GO), Eliseu Padilha (RS) e Leonardo Quintão (MG), relator do novo Código de Mineração.

Um dos esboços da reforma ministerial, que Dilma vai promover entre janeiro e fevereiro, prevê a saída dos ministros do Turismo, Gastão Vieira (MA) e da Agricultura, Antônio Andrade (MG). Vieira vai disputar novo mandato de deputado federal. Andrade pode ser o vice na chapa do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel (PT), ao governo de Minas Gerais. Mas se não se candidatar, segue na Agricultura.

Entregar a Integração ao PTB implicaria dois revezes a Dilma: perder o apoio da segunda maior bancada da Câmara. E perder os votos dos delegados do diretório do PMDB no Rio na convenção nacional do partido, onde os delegados precisam avalizar o apoio à reeleição de Dilma.

Raupp afirmou que a reunião não foi conclusiva e que mais duas rodadas de conversas já foram combinadas.

Fonte: Valor Econômico

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