Gustavo Uribe | Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O presidente Michel Temer disse nesta sexta-feira (22) ser vítima de uma conspiração e afirmou ter a convicção de que a denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) será barrada pelo plenário da Câmara dos Deputados.
Em vídeo publicado nas redes sociais, o peemedebista afirmou que lançaram sobre ele "provas forjadas" e "denúncias ineptas" que foram produzidas em "conluios com malfeitores". Segundo ele, o Poder Legislativo encerrará os últimos episódios "de uma triste página de nossa história".
"Sabe-se que, contra mim, armou-se conspiração de múltiplos propósitos. Conspiraram para deixar impunes os maiores criminosos confessos do Brasil, finalmente presos, porque sempre apontamos seus inúmeros delitos", disse.
Para ele, só regimes de exceção aceitaram acusações sem provas, "movidos por preconceito, ódio, rancor ou interesses escusos". Ele ressaltou que o país pode estar trilhando esse caminho neste momento.
"A única vacina contra essa marcha da insensatez é a verdade. E a verdade é a única arma que tenho para me defender desde o início deste processo de denúncias e que busca desestabilizar meu governo e paralisar o avanço do Brasil", disse.
O presidente manifestou ainda indignação e disse manifestar "profunda revolta" com a "leviandade dos que deveriam agir com sobriedade". Segundo ele, a incoerência e a falsidade "foram armas do cotidiano para o extermínio de reputações".
"A verdade prevaleceu ante o primeiro ataque a meu governo e a mim. A verdade, mais uma vez, triunfará. Tenho convicção absoluta de que a Câmara dos Deputados encerrará esses últimos episódios de uma triste página de nossa história, em que mentiras e inverdades induziram a mídia e as redes sociais nestes últimos dias", afirmou.
Segundo ele, uma análise "crítica" e "desapaixonada" da Câmara dos Deputados "provará os abusos dos que conspiraram contra a Presidência da República e o Brasil".
ESTRATÉGIA
O discurso do presidente, disponibilizado nas redes sociais, foi preparado para ser lido em um pronunciamento na semana passada, após o envio da denúncia por obstrução judicial e organização criminosa pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.
O peemedebista, contudo, preferiu aguardar o julgamento de pedido da defesa contestando a validade das provas presentes na acusação, que foi encerrado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) na quinta-feira (21), para divulgar o discurso.
Com o envio da denúncia, o Palácio do Planalto começou nesta sexta-feira (22) a fazer o mapa de votações na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). A meta estipulada pela equipe política é conseguir pelo menos 43 votos favoráveis ao peemedebista.
Neste domingo (24), o peemedebista promoverá reunião no Palácio do Jaburu para traçar a estratégia. O peemedebista quer concluir a tramitação em plenário no início da segunda quinzena de outubro, possibilitando que a reforma previdenciária seja votada antes de novembro.
Leia a íntegra do discurso.
_Boa tarde a todos,_
A verdade é valor essencial nas democracias. É sobre ela que se fundam as relações sociais e a força das nossas instituições. Fora do compromisso com a realidade, nosso destino é incerto e podemos ser conduzidos a trágicos desastres. A história está repleta de exemplos.
Só regimes de exceção aceitaram acusações sem provas, movidos por preconceito, ódio, rancor ou interesses escusos. Lamento dizer que, hoje, o Brasil pode estar trilhando este caminho.
A única vacina contra essa marcha da insensatez é a verdade. E a verdade é a única arma que tenho para me defender desde o início deste processo de denúncias e que busca desestabilizar meu governo e paralisar o avanço do Brasil.
Tudo que afirmei desde o início dos ataques que venho sofrendo, podem conferir, se confirmou. Apontei as reais intenções dos delatores; denunciei a manipulação de mercado que lhes deu ganho de milhões; critiquei o perdão amplo que obtiveram. Cobrei, ainda, o inexplicável envolvimento de integrantes do gabinete do ex-procurador-geral da República, que depois, certamente, foram ganhar dinheiro das empresas dos delatores; relatei que a delação e a gravação começaram muito antes dos relatos oficiais. Há ainda muitos fatos estranhos que esperam por ser explicados nesta estranha delação induzida.
Lançaram contra mim ilações, provas forjadas, denúncias ineptas produzidas em conluios com malfeitores. Mais recentemente, as mesmas mãos que tentaram tirar o País dos trilhos da recuperação e do crescimento voltam à carga. Repetem seu procedimento: vazam para a imprensa depoimentos mentirosos, sem base em fatos e nenhuma conexão com a verdade.
Diante dos ataques que se renovam, quero expressar minha indignação e manifestar minha profunda revolta com a leviandade dos que deveriam agir com sobriedade.
Tenho orgulho de estar presidente da República pelo que pude fazer até agora. Em resumo, retirei o País da recessão mais grave de toda sua história em pouco mais de ano e quatro meses de governo. Farei muito mais até janeiro de 2019. Mas também me orgulho de uma longa vida de muito trabalho, estudo e dedicação ao longo da qual fui advogado, professor, procurador do Estado, Presidente da Câmara e, agora, Presidente da República. Quero continuar a honrar meu nome, herança limpa que recebi de meus pais e que deixarei limpo para meus filhos, filhas, netos e netas.
A verdade prevaleceu ante o primeiro ataque a meu governo e a mim. A verdade, mais uma vez, triunfará. Tenho convicção absoluta de que a Câmara dos Deputados encerrará esses últimos episódios de uma triste página de nossa história, em que mentiras e inverdades induziram a mídia e as redes sociais nestes últimos dias. A incoerência e a falsidade foram armas do cotidiano para o extermínio de reputações.
O princípio básico da inocência foi subvertido: agora todos são culpados até que provem o contrário. E nem provas concretas bastam para repor a verdade. A marca indelével da desonra ficará em muitos inocentes que foram atingidos. Luto e lutarei contra qualquer pecha que tentem me colocar neste sentido.
Graças aos áudios que tentaram esconder, mas que vieram a público acidentalmente, sabe-se que, contra mim, armou-se conspiração de múltiplos propósitos. Conspiraram para deixar impunes os maiores criminosos confessos do Brasil, finalmente presos, porque sempre apontamos seus inúmeros delitos.
Queriam parar o País, comprometer a recuperação dos investimentos, impedir a retomada, cada vez mais forte, dos empregos.
Tenho convicção de que os parlamentares submeterão essa última denúncia aos critérios técnicos e legais, e à verdade dos fatos. Uma análise crítica e desapaixonada provará os abusos dos que conspiraram contra a Presidência da República e o Brasil.
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