O Globo
Condenada a dez anos, deputada deixou claro
que saiu do país para não ser presa
Condenada pelo Supremo a dez anos de
prisão, Carla
Zambelli fugiu do Brasil para escapar da cadeia. “Eu poderia esperar
um tempo, continuar no meu país e depois me entregar para a Justiça. Mas que
Justiça?”, ironizou, em entrevista a uma rádio bolsonarista.
A deputada foi condenada por ordenar a
invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça. Ela recrutou um hacker para
publicar um falso mandado de prisão contra Alexandre de Moraes. Em outra ação,
os ministros formaram maioria para mandar prendê-la pela perseguição armada a
um eleitor do PT na véspera da eleição de 2022.
Os casos ainda não têm sentença definitiva, mas a ré resolveu se adiantar. Guardou o passaporte italiano na bolsa e se mandou para escapar do alcance da lei.
Zambelli foi escanteada por Jair
Bolsonaro, mas não abandonou as ideias e os métodos da extrema direita.
Reeleita com 946 mil votos, continuou a espalhar fake news, atacar as
instituições democráticas e defender anistia para os golpistas.
Após a notícia da fuga, a Procuradoria-Geral
da República pediu sua prisão preventiva. Pode ter sido tarde demais. A
deputada tem cidadania italiana, e um possível pedido de extradição tende a se
arrastar no tempo, com resultados incertos.
Certa de que ficará impune, Zambelli parece
apostar nas afinidades eletivas com Giorgia Meloni. Cem anos depois da ascensão
de Benito Mussolini, a primeira-ministra chegou ao poder com o lema “Deus,
pátria e família”. “Podem colocar a Interpol atrás de mim, eles não me tiram da
Itália”, disse Zambelli, em entrevista à CNN Brasil. “Estou pagando para ver”,
desafiou.
O caso da deputada extremista deve servir
como alerta para as autoridades brasileiras. Às vésperas de ser julgado pela
tentativa de golpe, Jair Bolsonaro tem dado seguidas pistas de que também pode
fugir para não ser preso. Seu filho Zero Três já debandou para os Estados
Unidos, onde tenta convencer o governo Trump a impor sanções ao ministro
Moraes.
O Supremo apreendeu o passaporte do capitão,
mas isso não garante que ele estará em casa quando a polícia bater à porta.
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