quarta-feira, 21 de abril de 2010

Dilma diz que não usaria boné do MST


DEU EM O GLOBO

UNE, que recebe verbas do governo, discute se vai apoiar ou não um candidato este ano
Em entrevista a uma rádio de Pernambuco, a précandidata Dilma Rousseff condenou indiretamente o presidente Lula ao criticar as invasões de terras e dizer que não usaria boné do MST. A UNE, que recebe verbas do governo, fará congresso para decidir se apoia um candidato, no caso, Dilma.

Dilma: Não é cabível vestir o boné do MST

Pré-candidata do PT condena indiretamente Lula, sem citá-lo, em entrevista a uma rádio

Maria Lima


BRASÍLIA. A ex-ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência, pela primeira vez condenou indiretamente um ato do presidente Lula — o de usar um boné do MST (Movimento dos Sem-Terra) — e criticou as invasões de terras e de prédios públicos patrocinadas pelo movimento. Em entrevista à Rádio Jornal de Pernambuco, a petista disse ser contra o enfrentamento de movimentos pacíficos por forças policiais, mas afirmou que o MST não pode tumultuar a vida da população.

Ela disse também que pessoas do governo não podem assumir a bandeira do MST.

Dilma afirmou que, além de 590 mil hectares de assentamentos na reforma agrária, o governo Lula aumentou o crédito rural para R$ 15 bilhões na última safra, e financiou 60 mil tratores para a agricultura familiar. Por isso, não haveria motivos para esse tipo de protesto.

— A gente não tem de dar palpite na forma deles de se manifestarem, mas não está certo tumultuar a vida das pessoas que não são responsáveis pelas políticas públicas — disse Dilma.

Ao ser perguntada se vestiria a camisa e o boné do MST, Dilma afirmou que não: — Acho que não é cabível vestir o boné do MST. Governo é governo, movimento é movimento.

Não concordo que alguém do governo assuma a bandeira do MST.

Na entrevista, a ex-ministra voltou a confrontar declarações de seu principal adversário, o tucano José Serra, que comparou o apoio de Lula a ela ao apoio de Paulo Maluf (PP-SP) ao ex-prefeito Celso Pitta. Perguntada sobre os desentendimentos do prefeito de Recife, João Costa, com seu padrinho político, o ex-prefeito João Paulo, ela repeliu a ligação com casos em que cria se vira contra criador: — Nem eu nem o presidente Lula podemos ser comparados com ninguém. Nem Lula é o Maluf, nem eu sou o Pitta.

Por fim, ao explicar por que chamou Serra de “biruta de aeroporto” (que ora elogia, ora critica as políticas da era Lula), Dilma disse que o governo Lula sabe acabar com a pobreza: — Nós sabemos acabar com a miséria (...). Enquanto tiver pobre no Brasil, o Bolsa Família vai continuar.

PMDB quer resolver palanques até 15 de maio Anteontem, em Brasília, Dilma jantou com líderes do PMDB, que esperam resolver com o PT, antes do dia 15 de maio, todas as pendências sobre palanques regionais para a presidenciável petista. Caso isso ocorra, no dia 15 o PMDB vai fazer um encontro nacional para indicar o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), como vice na chapa de Dilma. O partido já divide informalmente com o PT o comando da campanha, mas quer dar prioridade aos acordos nos estados.

No jantar na casa do deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE), esse assunto era a preocupação entre os convidados. Os peemedebistas estão confiantes de que a cúpula petista vai dar um “arrocho” no PT mineiro, pelo apoio à candidatura de Hélio Costa (PMDB), para evitar qualquer proximidade dele com Aécio Neves (PSDB).

— Se esfacelar lá, o Aécio toma conta de tudo — avaliou Eunício Oliveira.

Dos 11 partidos que mandaram seus líderes para o jantar, os representantes de PP, PTB, PSC e PMN informaram que, por enquanto, vão continuar apoiando a candidata petista informalmente.

O líder do PTB, Jovair Arantes (GO), pediu à candidata reunião separada com a parte da bancada que não segue o presidente Roberto Jefferson — que já manifestou apoio a José Serra, do PSDB.

Colaborou: Gerson Camarotti

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