• ‘Nem nos piores momentos eu imaginei que aconteceria o que está acontecendo’
Júnia Gama - O Globo
BRASÍLIA - Pouco após ter sido indiciado pela Polícia Federal, o ex-presidente Lula desembarcou em Brasília ontem para se encontrar com a presidente afastada, Dilma Rousseff. Após a visita, já no aeroporto prestes a embarcar de volta a São Paulo, o ex-presidente fez um desabafo a aliados:
— Nem nos piores momentos da minha vida eu imaginei que aconteceria o que está acontecendo hoje.
Lula debateu com Dilma a presença dela na sessão do julgamento do impeachment no Senado, marcada para a próxima segunda-feira, e fez uma avaliação negativa do que ocorreu até agora. Segundo relatos, ele não tem expectativa de virada no impeachment e disse que, se algum voto mudar, será uma surpresa.
O ex-presidente está preocupado com o discurso de Dilma. Ele quer um tom politizado, sem focar em argumentos técnicos. Algo para “entrar para a História”, em que fique registrada a denúncia do “golpe”.
Os aliados afirmaram que Lula estava muito abalado ontem, como se tivessem finalmente “caído as últimas fichas”. E também muito preocupado com o futuro do PT. Para Lula, é importante ganhar a versão dos fatos, mesmo perdendo o processo, e dar um indicativo de como será a luta para o futuro do partido.
Havia dúvida sobre a presença de Lula no plenário do Senado durante a fala de Dilma, mas ele decidiu que estará lá para prestar solidariedade:
— Eu vou, é uma questão de solidariedade — disse aos aliados, emocionado.
O ex-presidente se encontrou com um grupo de senadores do PT para fazer uma análise do cenário. Jaques Wagner, ex-ministro de Dilma, acompanhou Lula na visita. Wagner e a mulher dele, Maria de Fátima, estão entre os convidados da defesa que estarão presentes à sessão de segunda-feira, quando Dilma vai depor no Senado.
O ex-presidente somente voltará a Brasília no domingo, para participar da sessão do julgamento em que Dilma estará presente no Senado. Na reunião com Lula, estavam presentes os senadores petistas Paulo Rocha (PA), Jorge Viana (AC), Humberto Costa (PE) e José Pimentel (CE). A expectativa é que nem mesmo a presença de Dilma sirva para mudar votos.
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