Planalto tem lista de pedidos por emendas e cargos para barrar denúncia
Geralda Doca, Patricia Cagni e Manoel Ventura | O Globo
BRASÍLIA - A dois dias da votação pela Câmara dos Deputados da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer e dois de seus ministros, apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o Palácio do Planalto precisa ainda resolver uma lista de 25 “pendências”, que vão de liberação de emendas parlamentares a cargos para integrantes da própria base. Parte da fatura se refere a promessas antigas, desde a época em que Temer era interino e que agora estão sendo cobradas, disse um interlocutor. Os atos vão influenciar a contagem de votos com a qual auxiliares de Temer trabalham — entre 250 e 270 favoráveis à derrubada da denúncia. A primeira acusação foi engavetada por 263 votos.
O Planalto tem que controlar, ainda, a crise no PSDB, que está rachado entre governistas e independentes, em função da cobrança pela renúncia do senador Aécio Neves (MG) da presidência do partido. Ele está licenciado e o interino, Tasso Jeiressati (CE), cobra sua saída definitiva. Essa queda de braço pode refletir na votação de quarta-feira. O líder da maioria da Câmara dos Deputados, Lelo Coimbra (PMDB-ES), disse que o presidente Temer está tranquilo, mas admitiu que há muita “inquietação” na base.
— Dependendo da forma como as pendências sejam resolvidas, o placar ficará mais próximo de 250 votos ou 270 votos — disse Lelo
Temer é acusado de obstrução à Justiça e organização criminosa. As negociações para barrar a acusação da PGR estão sendo conduzidas diretamente por Temer, que pediu auxílio ao ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que também é denunciado. Além dos dois, o ministro Moreira Franco (SecretariaGeral) também foi denunciado. Temer assumiu a coordenação porque os partidos da base, sobretudo do centrão (que reúne PP, PSD, PR, PTB e SD), se recusaram a discutir com Antonio Imbassahy, ministro da Secretaria de Governo, que encontra também problemas dentro do seu partido, o PSDB.
IMBASSAHY PODE IR PARA O PMDB
Os preparativos para a votação ganharão força hoje, quando Temer receberá, no Palácio da Alvorada, líderes governistas e parlamentares da base. Ontem, o presidente recebeu Padilha, Imbassahy e o ministro Moreira Franco, além de líderes para definir as estratégias e buscar a rejeição da denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República. O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, também participou do encontro.
Imbassaby está afastado do corpo a corpo com os parlamentares, mas continua no cargo porque Temer gosta dele. No PSDB, a situação do ministro está também cada vez mais complicada. Segundo um interlocutor, ele já está com “o pé fora do partido”. Imbassahy pretende disputar uma cadeira no Senado nas eleições de 2018, o que quer também o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA) e não há espaço para os dois na legenda.
Uma solução aventada por interlocutores do ministro é Imbassahy trocar o PSDB pelo PMDB, partido de Temer, para disputar o Senado. Assim, ele ocuparia um vácuo político no PMDB da Bahia deixado pelos irmãos Geddel Vieira Lima e Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), investigados em desdobramentos da Operação Lava-Jato. Geddel está preso e Lúcio foi alvo de operação policial semana passada. Imbassahy não tem comentado o assunto.
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